segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Artigo: "Meu livro" (19/12/2011)

Adentramos na semana de Natal e estou particularmente feliz. Peço desculpas àqueles que me transformaram no “alvo”, mas não vou usar esta “tribuna” para me defender do que tenho sido acusado, nos meios de comunicação ou mesmo neste espaço por outros articulistas. Tampouco vou responder às provocações, que tem como objetivo apenas a polêmica. Sem base consistente. Sem justificativa real e palpável.
A eleição, como já coloquei, é assunto para 2012. Podem até incitar, provocar e até mesmo espernear. Comigo é perda de tempo. Não vou mudar meu foco, minha convicção ou meu ponto de vista. Diga-se de passagem, até agora, estão corretos. Não vou entrar no debate político-eleitoral (eleitoreiro) porque não preciso disso. Sou pré-candidato a prefeito e, no tempo certo, vou encarar os debates. Falarei sobre minhas ações e propostas. Que na verdade, não é segredo para ninguém, pois tenho manifestado reiteradamente nos meus artigos semanais.
Não esperem de mim ataques pessoais. Prefiro me ater à discussão de idéias e propostas. Não esperem uma postura de vítima, porque sei o que me aguarda – desde quando resolvi voltar à vida pública - e tenho plena confiança no meu trabalho e no discernimento da comunidade. De nada adianta criar factóides ou inventar polêmicas. Melhor seria se o tempo usado fosse para esclarecer o que não está claro, demonstrar humildade e mostrar transparência. Já foi o tempo de impor vontades, de insistir com teimosia.
Bem... Voltando ao início deste texto, quero explicar o motivo da minha satisfação. Estou feliz porque neste ano a minha prestação de contas do mandato está num formato diferente. Através do livro “Montenegro: Histórias de um lugar bom pata viver”, apresento uma coletânea dos artigos que publiquei ao longo dos últimos três anos e mostro meus pensamentos, angústias, expectativas e ações.
Não tenho nenhuma pretensão literária, mas confesso que fico orgulhoso com a obra. Porque ela retrata, em cada página, o caminho percorrido. Porque ela traz, em cada linha, minhas reflexões como vereador. Porque é uma inovação em termos de prestação de contas. Também, porque mostra que não perdi o rumo. Fiz correções pelo caminho, porém sei em que porto eu quero chegar.
Ao apresentar meu livro à imprensa, me emocionei. Pela obra e pela presença da minha família. Na pessoa de minha mãe, Therezinha, e meu irmão Leandro, a alegria de honrar um legado. Pelos meus filhos Roberta, Bernardo e Gustavo, a responsabilidade de ser exemplo. Neles e por eles tenho a inspiração e o impulso para seguir em frente.
Feliz Natal!

Artigo: "Recompensa e Alívio" (12/12/2011)

Conclui a montagem da prestação de contas anual do meu mandato. Já comentei aqui neste espaço que por conta disso me dispus a reler os artigos escritos ao longo dos últimos três anos. Tarefa recompensadora, preciso admitir. Um exercício que exigiu paciência, sem dúvida, mas que trouxe uma sensação de alívio.
Recompensadora porque me fez perceber que abordei praticamente todos os temas que dizem respeito à cidade, expondo minhas considerações e opinião sobre eles. Alívio porque desde o primeiro até o último mantive a mesma postura, a mesma linha de pensamento e ação. Não mudei meu discurso, partido ou convicção.
Neste ínterim, claro, fiquei a matutar quantos articulistas políticos – com cargo eletivo ou não – podem reler o que escreveram e se orgulhar pela coerência mantida, pela fidelidade aos seus princípios e linha de atuação. Será que todos conseguem tanta satisfação ao reler o que publicaram na “tribuna”?
Lógico que entre os assuntos que abordei, há aqueles que não tiveram o desfecho esperado. Vários deles, inclusive, sequer tiveram um final. Continuam em pauta, aguardando uma definição que quase sempre está fora do alcance legislativo. Dependem de quem tem o poder de ordenar a execução. Outros foram concluídos de forma diferente do que eu almejava ou propunha. Coisas da democracia, meandros da política.
Também sei que diversas vezes fui repetitivo. Quantas vezes eu citei planejamento? Quanto falei em gestão de resultados? Quantas linhas eu dediquei à correção de rumo?
Minha prestação de contas, nesta hora, está em fase de impressão. Este ano ficará diferente, em formato e apresentação. Porém, será entregue à comunidade da mesma maneira que nos períodos anteriores. Vou às ruas fazer a distribuição. Um ritual que iniciou na campanha, em 2008, quando circulei pedindo votos, e que se transformou em compromisso do mandato. Faço questão de prestar contas e entregar o material pessoalmente. Uma forma de agradecer por ter sido escolhido como representante e ouvir, mesmo que no agito do trânsito, as opiniões, críticas e sugestões.
Por falar em ruas e ouvir opiniões, lembro das pesquisas eleitorais. Daquelas que já foram divulgadas e outras de cunho “interno” que estão para ser tabuladas. Mas isso é assunto para 2012. Antes dele tem a prestação de contas, Natal e os festejos de Ano Novo.

Artigo: "Dèjá Vu" (05/12/2011)

Dias atrás comentei neste espaço que uma pessoa que estava fora de Montenegro comentou comigo que a impressão que teve, ao retornar, foi de que estava tudo igual. E que naquele momento eu não consegui definir se tudo igual era uma expressão boa ou ruim.
Por conta da elaboração da prestação de contas do meu mandato – que costumo distribuir no mês de dezembro – andei relendo artigos escritos em 2009 e 2010 e, mesmo sem querer, acabei constatando que realmente está tudo igual. O texto veiculado no dia 20 de dezembro do ano passado, por exemplo, caberia com perfeição se fosse publicado hoje. E já falava da sensação de “déjà vu” em relação ao mesmo período de 2009. Apontava a falta de soluções definitivas, de ações pró-ativas, de planejamento.
Nesta semana, durante uma reunião que promovemos para tratar sobre drenagem urbana e resíduos sólidos – itens que não ainda não estão contemplados no Plano de Saneamento Básico Municipal – outra uma vez se verificou a necessidade de dedicar mais tempo ao estudo prévio, ao planejamento, à elaboração dos projetos.
A “postura de reação” não traz resultados positivos nem definitivos. Executar sem planejamento, sem estudo do quanto isto vai impactar na vida dos cidadãos ou sem saber como funcionará, se é viável e se vai solucionar, já não é mais admissível hoje em dia, quando há tantas ferramentas e conhecimento técnico-científico disponíveis. A prefeitura possui um quadro de técnicos capacitados. O que falta, quase sempre, é priorizar o planejamento. Estabelecer como regra a dedicação aos projetos.
Porque dependem da qualidade do projeto a captação de recursos e a eficiência das obras. Enquanto mantivermos esta “postura de reação” continuaremos atropelando etapas, cometendo falhas, devolvendo recursos, atrasando cronogramas ou gastando tempo e dinheiro para corrigir e refazer. Impossível não lembrar, neste aspecto, o conduto do Arroio Montenegro (na Rua Capitão Porfírio), a ponte sobre o Arroio São Miguel, o pavilhão no Parque Centenário ou a pavimentação da Estrada Antônio Ignácio de Oliveira, dentre tantos outros.
Ainda continuo sem saber o que significa o tudo igual daquela pessoa. Para mim, entretanto, tudo igual não é sinônimo de coisa boa. Há tempos venho dizendo que se quisermos um resultado diferente temos de fazer diferente. Se pensarmos e agirmos sempre da mesma maneira, o resultado será sempre o mesmo. Ou seja, tudo igual.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Artigo: "Qual a sua rua?" (28/11/2011)

Entre os e-mails que recebi na semana passada, havia um sobre a realidade política nacional. Tratava de uma palestra proferida pelo cientista político José Luciano Dias a parlamentares, gestores e futuros candidatos do PP. Reproduzo neste artigo um trecho da mensagem. O texto na íntegra pode ser acessado no site da Fundação Milton Campos, no link Publicações/Revista O Progressista.
(...) “A pressão atual é uma pressão do eleitorado sobre o sistema político, sobre as pessoas que estão no comando do sistema político no Brasil. Existe a discussão do voto em lista, do financiamento público de campanha, mas o que as pessoas querem de fato, o que as pessoas estão demandando?
As pessoas querem uma política melhor. As pessoas querem uma política que funcione melhor. Que seja mais aberta aos interesses da população, que seja mais um canal de comunicação. Porque a sociedade brasileira está evoluindo, a sociedade brasileira está em transformação. As pessoas estão ganhando mais, dispõem de mais informação, enquanto a política parece meio parada. A política, se a gente ler apenas os jornais, parece envolvida só com seus próprios interesses, sem uma preocupação maior com a pessoa que está na rua.
Temos feito palestras para várias organizações e sempre chamamos a atenção para esta realidade, para a ‘rua’. Qual é a sua ‘rua’? Qual é a ‘rua’ que lhe interessa? Qual é o seu público? Qual é a pessoa que está financiando a sua atividade? Que está bancando a sua liderança? Que está deixando ser liderado por você? É isso o que precisamos entender.
O eleitorado brasileiro está em transformação. Está pedindo ficha limpa, está cobrando fiscalização nos partidos, está pressionando os órgãos do Judiciário para tomar decisões com relação ao sistema político, quando o sistema político não toma.
Por isso, saúdo a coragem de vocês. Estão entrando em uma briga complicada porque, além da mídia, além da competição tradicional com outros partidos políticos, ainda têm de enfrentar a política antiga, a política que ainda não desistiu da cesta básica, que ainda não desistiu do apelo populista.
Questões judiciais estão fazendo com que esta política deixe o cenário brasileiro, mas nós somos capazes de colocar alguma coisa no lugar? Somos capazes de fazer com que as pessoas dêem valor a alguma coisa que não seja mais aquilo? Somos capazes de valorizar um eleitorado que está ficando mais escolarizado, mais esperto, mais inteligente?” (...)
Reflitamos sobre estas colocações. Todos nós político-partidários. Aqueles que assim como eu já possuem mandato e também aqueles que estão se preparando para ir em busca de um.

Artigo: "Tudo igual" (21/11/2011)

Por estes dias, uma pessoa que esteve fora de Montenegro nos últimos dois anos – por conta de atividades profissionais – me disse que retornou e percebeu que estava tudo igual. Perguntou-me a respeito das novidades políticas e questionou sobre a participação dos montenegrinos. Mais especificamente, sobre a participação dos jovens nos temas e decisões da cidade.
Curiosidade natural de quem está voltando. Interrogação normal de quem busca se inteirar do que está “rolando” na cidade e na política. Ainda mais quando entabula uma conversa com alguém que tem mandato.
Naquela fração de segundo – entre o ouvir a pergunta e proferir a resposta – fiquei na dúvida sobre o significado do “está tudo igual”. Será que representava algo positivo, como voltar e se sentir em casa? Ou era uma sentença pejorativa. Daquelas que implicam estagnação. Atestando que não houve melhoria nem crescimento.
Respondi que mobilizar a comunidade para os temas coletivos é um processo lento, que precisa ser construído e estimulado o tempo todo. Que as pessoas tendem, historicamente, a se preocupar com os seus problemas, com a sua situação. A grande maioria não integra discussões maiores e ainda não consegue dimensionar a força de mudança que tem a sua participação, o seu voto.
Apesar dos eventos recentes – audiências do orçamento e do contrato com a Corsan, promovidas pela Prefeitura – que tiveram ínfima presença popular, reiterei que avançamos. Que muitos assuntos antes discutidos e decididos unilateralmente, agora eram apresentados em reuniões públicas. Que a Câmara busca estimular a participação. Está atenta e disponível para inúmeros temas.
Sem aprofundar a importância de mobilizar a comunidade e no quanto a participação enriquece os debates e respalda as decisões, acabamos nos separando. Antes mesmo que eu pudesse esclarecer minha dúvida quanto ao “tudo igual”.
Fiquei a remoer sobre isso um bom tempo, porque nada pude perceber pela entonação. Não é uma daquelas pessoas que acha tudo ruim. Que só reclama ou vê defeitos. Tampouco é alienada. Pelo contrário. Apesar de jovem, é experiente. Por conta da profissão, já conheceu muitos lugares e conviveu com realidades e cidades bem distintas.
“Tudo igual”. Isto que vemos quando olhamos Montenegro?
“Tudo igual”. É bom ou ruim?
“Tudo igual”. Definitivamente, um bom tema para reflexão.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Artigo: "11 de novembro" (14/11/2011)

Estar no lugar certo, com as pessoas certas. Esta foi a impressão que ficou do evento que o Partido Progressista realizou na sexta-feira passada. Em todo o Brasil, os progressistas se mobilizaram para celebrar a data 11 de 11 de 2011. Em Montenegro, pelo menos inicialmente, tencionávamos apenas fazer uma confraternização para celebrar o “11”. O que se fez e o que se viu, no entanto, foi muito mais que isso.
Impossível ficar imune à energia de tantas pessoas que foram até o Esporte Clube Renner. Sem chance de esquecer o calor e a satisfação de quase três centenas de montenegrinos que se reuniu como se fosse uma grande família. Gente jovem e experiente. Da cidade e do interior. Antigos filiados recebendo de braços abertos quem chegava oficialmente ao partido naquele momento. Perfeita sintonia e integração.
Calorosa acolhida aos novos 140 filiados do Partido Progressista. Mais uma vez superamos nossas expectativas. Como disse no início deste texto, queríamos marcar o “11”, porém o que marcou foi o potencial agregador. É gratificante perceber que as novas adesões são resultados do movimento daqueles 152 que se filiaram no mês de setembro. Grande demonstração de força e mobilização.
Por falar em grandeza, é preciso fazer alusão aos representantes de outros partidos que se fizeram presentes. A participação deles tornou nossa festa mais rica em democracia e convivência política.
Momentos assim merecem ser comemorados, lembrados e divididos. Por isso decidi escrever sobre ele neste artigo. Uma forma de reconhecer o empenho do diretório progressista e dos seus filiados. Ao mesmo tempo, uma maneira de agradecer a todos que escolheram o PP. Também, um jeito de mostrar o quanto me sinto realizado por pertencer a esta sigla e integrar uma equipe – já que tudo aconteceu no Renner, tão tradicional e importante na área esportiva – que estimula a boa política, incentiva e destaca a atuação dos jovens e das mulheres.
11 de 11 de 2011. Mais que uma data, uma referência. Grata surpresa para quem, assim como eu, convive há muitos anos com eventos políticos. Bom exemplo para quem decidiu ingressar numa sigla e se envolver no movimento partidário.
11 de 11 de 2011. Mais que números, uma certeza: Um partido forte se constrói com ideal e propostas, muito trabalho e pessoas com disposição.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Artigo: "Panfletos" (07/11/2011)

Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença. Pequenas medidas podem coibir grandes problemas. Com este entendimento, encaminhamos uma Indicação ao Executivo para que seja criado um dispositivo legal que impeça a fixação indiscriminada de publicidade nos carros e motos estacionados nas ruas da cidade. A criação de uma lei municipal que proíba esta prática não pode ser iniciativa do legislador, por isso fiz o encaminhamento como sugestão.
Antes de entrar com a Indicação, apresentei a proposta ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema), à Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro/Pareci Novo, bem como aos setores da Prefeitura (Obras, Meio Ambiente e Fiscalização). Todos se mostraram favoráveis à idéia.
Sabemos que a questão dos panfletos de propaganda é bem mais ampla do que a colocação nos veículos. Muitas vezes o material é jogado no pátio das casas, colocado nas grades ou muros ou, ainda, depositado em terrenos baldios. Nem sempre é descartado, quando recebido, de maneira adequada. O material acaba, então, dentro dos bueiros e arroios, entupindo bocas de lobo e galerias, sujando ruas e passeios. A foto publicada neste jornal no sábado exemplifica bem isso. Mostra uma galeria entulhada de lixo, onde não há espaço para a vazão da água. Sem ter como seguir seu curso normal, a água escapa da galeria e acaba invadindo as construções que estão por perto, causando destruição e prejuízos.
Todavia, penso que não adianta proibirmos todas as formas de distribuição de panfletos, se não tivermos condições de fiscalizar e fazer cumprir o mínimo. Por isso, sugiro que iniciemos pela proibição das propagandas colocadas em veículos estacionados. É preciso salientar, também, que será uma lei fácil de fiscalizar, pois este tipo de publicidade ocorre quase que somente nas ruas do Centro e na via principal da Timbaúva.
Das pessoas que ouvimos, a grande maioria diz que a colocação de panfletos nos pára-brisas, portas ou vidros de carros, ou ainda nas motos, é desperdício. Fica à mercê do vento, da chuva. Quase ninguém olha ou lê. Na maioria das vezes estas publicidades caem ou são ignoradas, trazendo sérios danos à cidade. Sujam ruas e calçadas e obstruem ainda mais o escoamento de água da chuva.
Sabemos que é uma medida pequena, comparada com a complexidade da problemática das inundações sempre que chove mais forte. Mas é um começo. Quem sabe até uma oportunidade para as empresas reavaliarem a forma de distribuição dos panfletos. Ao invés de colocar nos veículos, usar suas equipes para entregar nas mãos dos pedestres, por exemplo, dando alternativa para quem não tem interesse em receber propaganda.

Artigo: "Reconhecimento Legislativo" (31/10/2011)

Inspirado nas palavras do agora Cidadão Benemérito de Montenegro, Heitor José Müller, de que “devemos celebrar mais as coisas que nos agradam”, escrevo este artigo ainda tomado pelas emoções vividas na quinta-feira passada. Aquele 27 de outubro foi especial. Trouxe-me muita satisfação. Num espaço de hora conseguimos homenagear pessoas e entidade que merecem respeito e reconhecimento.
Na sessão ordinária, antecipada por causa da solenidade que ocorreria mais tarde, aprovamos a denominação de Romeu Antônio Kirch para o centro de eventos do Parque Centenário. Justa honraria, proposta pela colega de bancada Rose Almeida. A escolha do nome do “professor Romeu” para um espaço dentro do Parque dispensa explicações. É uma singela homenagem ao “professor” Romeu, que por vários anos foi diretor de cultura do Município. Que participou ativamente do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico de Montenegro, atuou como secretário de saúde, dirigiu a Escola estadual São João Batista e era membro ativo da comunidade católica local.
Romeu Kirch era daquelas raras pessoas dispostas a contribuir. Da cultura ao esporte, da educação à saúde, estava sempre engajado. Apesar do seu jeito simples e discreto, mostrava garra e força nas questões que encabeçava. E não foram poucas. Muito menos fáceis. Afinal, tinham a ver com educação, cultura e saúde.
Um pouco mais tarde a Câmara homenageou os 90 anos da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro. Uma entidade empresarial forte, moderna, com a missão de promover o crescimento econômico do município fortalecendo as organizações empresariais. A sessão solene para a ACI Montenegro – hoje agregando Pareci Novo – foi uma maneira de reconhecer o empenho de todos aqueles que, desde 1921, fizeram parte da diretoria e de forma voluntária dedicaram-se ao associativismo.
Por derradeiro, porém nunca menos importante, o Legislativo outorgou ao empresário montenegrino Heitor José Muller o título de Cidadão Benemérito de Montenegro. Muito pelas suas conquistas como empreendedor, mas principalmente por causa da sua atuação junto à comunidade. Aquelas que trazem resultados. Sem alardes, sem vaidades.
A Câmara de Vereadores, por onde passam quase todas as questões municipais, também é feita de momentos como este, da sessão passada, onde reconheceu a importância e o trabalho de cidadãos montenegrinos. Até porque, uma cidade é feita de pessoas e quando elas fazem diferença, merecem ser homenageadas. É uma forma de reconhecer, mas sobremaneira de mostrar e estimular bons exemplos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Artigo: "Esquisito" (10/10/2011)

Durante a semana respondi inúmeros questionamentos a respeito da proposta conjunta que está sendo construída entre o PP (meu partido), os socialistas do PSB e os comunistas do PC do B. A pergunta, invariavelmente, era sobre a possibilidade de unir tão distintas correntes políticas. Confesso que me senti esquisito com as interrogações. Por causa das diferenças? Não. Muito pelo contrário. Porque percebi a naturalidade com que eu discorria sobre o nosso trabalho e as nossas intenções.
Talvez esquisito não seja o termo mais adequado. Dá margem à conotação pejorativa, remete ao excêntrico – ainda mais quando se trata de política -, porém foi o que me ocorreu para descrever a sensação que me acompanhou ao longo dos últimos dias. Enquanto alguns procuravam trazer à tona as divergências, eu só conseguia vislumbrar as convergências. Ao passo que outros demonstravam estranheza, eu estava tranqüilo e convicto.
Esquisito... A forma natural com que formamos um grupo de trabalho. O jeito sintonizado com que a formatamos os pontos iniciais que nortearão um plano de governo, um projeto para o futuro do município.
Esquisito... Como floresceu uma união e fluiu uma proposta. A harmonia entre os pontos de vista. A proximidade. A facilidade com que discutimos as idéias, os objetivos, o município como um todo.
Esquisito sim... A integração entre as lideranças comunistas, progressistas e socialistas. Políticos que não perderam ou relegaram suas essências ideológicas, mas compreenderam que é preciso se adaptar e interagir para mudar o destino. Perceberam que suas diferenças são bem menores do que os objetivos que têm em comum. Notaram que se contrapõem e ao mesmo tempo se completam.
Esquisito... Que ainda hoje, depois do exemplo em nível federal – iniciado pelo ex-presidente Lula – e estadual, ainda haja incredulidade quanto à possibilidade de unir diferentes siglas em torno de uma proposta única, viável, factível e positiva. Em nível municipal, este é apenas o começo. Um ponto de partida. Tencionamos aprimorar, intensificar e ampliar.
Bem esquisito... Esta impressão de que estou fazendo a coisa certa. De estar no lugar certo e na companhia ideal. De que não é uma aposta pontual, nem uma união irresponsável. Pelo contrário. É um compromisso com o futuro, uma obrigação com a comunidade. Estamos confiantes de que existem muitos outros dispostos a vivenciar esta sensação, a se envolver nesta construção.
Esquisito... Nunca pensei que fosse tão bom sentir-me assim. Pior são aqueles que não se abrem às oportunidades, não permitem o contraponto, nem valorizam a diversidade. Provavelmente, ficarão fazendo do mesmo jeito e obtendo os mesmos resultados. Jamais saberão o que significa, na prática, “estar” esquisito.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Artigo: "Sentimento progressista" (03/10/2011)

Escrevo este artigo ainda tomado pela energia positiva das pessoas que participaram do Encontro Municipal do PP. Nosso evento conseguiu mobilizar - e filiar – um número expressivo de montenegrinos. Uma centena e meia – mais dois – de novos filiados não é fácil conquistar. Requer trabalho e dedicação. Inclui propostas, ideologia e objetivos. Representa trazer ao palco e colocar em cena, gente que sempre preferiu os bastidores. Ou assim atuou porque não teve alternativa.
Engana-se – ou se desvia da verdade – quem diz que os novos filiados do PP são segmentados. Naquela noite, no CTG Estância do Montenegro, local de tantos acontecimentos importantes, impregnado de cultura e tradição, conseguimos reunir empresários e trabalhadores, moradores do centro e dos bairros, políticos experientes e cidadãos que, pela primeira vez, optaram pela política partidária.
Aliás, a diversidade de adesões é fator que precisa ser exaltado. Até para que cessem as insinuações ou comentários, quase sempre velados, quanto ao foco e alcance do nosso trabalho. Aos progressistas juntaram-se montenegrinos dos 18 aos 80 anos. Vindos tanto da cidade como do interior.
Pessoas com histórias de vida diferentes e expectativas diversas, mas um objetivo comum: Participar de forma efetiva da política. Dar sua parcela de contribuição para que tenhamos o município que todos nós queremos. Os filiados - tanto os novos quanto os que já militam há mais tempo – sabem da sua responsabilidade e do seu papel para construção de uma nova realidade. Estão dispostos a lutar pela criação de um novo ambiente, mais tranqüilo, próspero e feliz.
Assim como eu, várias outras lideranças progressistas, que há anos convivem com a política partidária, ficaram emocionados com o movimento de novas filiações. Sentiram-se renovados e fortalecidos. Esta mescla de gerações ou mistura de vivências transformou-se num grande encontro de amigos.
Para nós, que tivemos a honra de presenciar um momento tão significativo, fica o sentimento de que estamos no caminho certo. Uma sensação boa que reanima e faz perceber que vale a pena, pois existem muitas pessoas com disposição para fazer a diferença. Apresentamos apenas 152, mas já preparamos, para breve, o anúncio de tantas outras.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Artigo: "Redescobrir o parque" (26/09/2011)

Dias atrás, quando conversei com alguns skatistas , relembrei de um artigo que escrevi em 2009. Naquela época eu sugeri a elaboração de um Plano Diretor específico para o Parque Centenário, objetivando ordenar e qualificar os serviços de esporte e lazer disponíveis e, conseqüentemente, estimular o uso por parte da população.
Já dizia há dois anos que enquanto outros municípios almejam e se esforçam para construir espaços de esporte e lazer para a população, Montenegro não tira proveito de todo o potencial – em termos de espaço e natureza – que tem à disposição. O Parque Centenário é um espaço de beleza natural em pleno centro urbano. Mas um lugar que precisa ser revitalizado e redescoberto pelos montenegrinos. Mas o que fazer na área do Parque, além da manutenção? Construir uma pista de motocross? Ampliar a área dos skatistas? Aumentar os brinquedos infantis? Fazer novas quadras para vôlei ou basquete? Quem sabe arenas para rodeios e gineteadas? Ou então novos pavilhões para exposições culturais e artesanais?
A revitalização da pista de skate é um exemplo de melhoria a ser feita no Parque. Os adeptos desta modalidade esportiva estão reivindicando reparos, pois o piso está bastante deteriorado – rachado e desgastado - pelo uso e ação do tempo – e pode causar acidentes. Os skatistas pedem uma manutenção regular do espaço e sonham, há anos, com a ampliação da pista e colocação de novos obstáculos. Não podem e nem querem ficar nas ruas, dividindo o asfalto com o intenso tráfego de veículos.
Da mesma forma que os skatistas, há outros grupos desportistas que gostam de utilizar o parque. Como os praticantes de bicicross, os adeptos do vôlei ou futebol de areia. Sem alternativa, acabam fazendo isso, a seu modo. Escolhem um pedacinho e adaptam para as suas atividades, na maioria das vezes de forma precária.
A sugestão de um Plano Diretor é justamente para que haja uma definição quanto ao uso do Centenário. Através dele poderemos fazer um inventário do que hoje existe e traçar diretrizes de planejamento, conservação, administração, melhorias, ampliação e, principalmente, do uso dos espaços.
Incentivar a prática de esportes e oferecer opções de lazer é imprescindível para uma cidade que busca qualidade de vida para seus habitantes. Com o crescimento urbano, está cada vez mais difícil encontrar e dispor de lugares como o Centenário. Por isso mesmo é preciso dar-lhe um tratamento especial.
Se organizado e bem cuidado atrairá mais freqüentadores. Quem sabe até servirá de incentivo para uma caminhada, ou será ponto de encontro para os jovens cheios de energia que se equilibram sobre rodas (de skate ou bicicleta) e executam manobras “radicais”. Ou então, e não menos importante, servirá de local para um passeio em família ou para um chimarrão no fim de tarde.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Artigo "Façanhas de modelo" (19/09/2011)

Reviver a história, relembrar o passado, a cada ano, principalmente durante a Semana Farroupilha, é o que assegura a manutenção da nossa identidade gaúcha. Poucos estados brasileiros celebram com tanta empolgação e respeito suas datas cívicas. A Semana Farroupilha é uma unanimidade regional. Reúne cidadãos de todas as origens e classes sociais. Congrega patrão e peão, brancos, índios, negros, mestiços, descendentes de alemães, italianos, polacos, portugueses... Gremistas e colorados.
Acho que em nenhum outro lugar se canta o hino do estado com tamanha reverência. É sempre uma emoção entoar o refrão que nos remete aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Um orgulho pertencer à nobre estirpe de um povo trabalhador, próspero, valente e hospitaleiro. Forjado pelos ventos, ora minuano e gelado, ora do norte e abafado. Calcado em valores morais. Alicerçado na família, na terra, na força do trabalho.
Nesta semana quero, de maneira simples, mas direta, fazer um chamamento a todos. Que não esqueçamos os ideais e a força que nos move e nos une. Os farroupilhas de ontem e os farroupilhas de hoje são aqueles que lutam, todos os dias, para termos uma sociedade melhor. Cada um do seu jeito. Cada qual na sua lida.
Pensemos, pois, no que somos e fazemos hoje. No que podemos melhorar. Numa forma de participar. Nossos antepassados lutaram tanto por princípios democráticos e de liberdade. A nós cabe aprimorá-las. Sempre. Todos os dias. A fim de que a cidadania seja plena e todos sejam partícipes na construção de uma cidade, um estado e um país mais justo e feliz.
Como diz nosso hino “Sirvam nossas façanhas de modelo. De modelo a toda a terra”. Hoje nós reverenciamos aqueles farroupilhas que lutaram contra o autoritarismo. Sentimos orgulho pelo que fizeram.
O que será que pensarão, ou dirão de nós daqui a 10, 50, 100 ou 176 anos? Depende do que somos e fazemos hoje para sermos lembrados pelas próximas gerações. Que as nossas façanhas sirvam de exemplo para nossos filhos, nossos netos e todos aqueles que virão depois. Que eles possam também sentir orgulho de nós. Possam, reunidos numa roda de chimarrão, em volta de um braseiro, ou numa solenidade cívica alusiva ao 20 de setembro, contar sobre uma época em que homens e mulheres fizeram a diferença. Construíram, através da participação, do comprometimento, uma cidade melhor.
Somos gaúchos. Trazemos conosco certa inquietação. Uma ânsia que nos leva à frente. Que nos move e encoraja. Pois deixemos aflorar esta ânsia para superar as adversidades. Usemos nossa inquietude para fazer diferente. Mostremos coragem e disposição. Montenegro merece. A geração futura agradece.

Artigo: "Lei dos panfletos" (12/09/2011)

Praticamente todos os dias, encontramos propagandas em forma de panfletos nos pára-brisas de veículos estacionados nas ruas do centro, em grades e muros residenciais ou jogados nos pátios das casas. Até em terrenos baldios é deixado este tipo de publicidade.
Grande parte deste material, que recebemos alheios a nossa vontade, sequer é lida ou analisada. Muito menos é recolhido e descartado de forma correta. Fica espalhado pela cidade, sujando ruas e calçadas, entupindo bocas-de-lobo e bueiros. Tão acostumados estamos com estas propagandas, que nem nos damos conta da quantidade de papel que recebemos. Estatísticas neste sentido indicam que se guardássemos tudo – dos carros e das casas – cada um de nós juntaria em torno de um quilo de papel por ano.
Existem cidades que já adotaram medidas para coibir a distribuição de panfletos em vias públicas. Muitas das iniciativas, nestas localidades, integram campanhas maiores, que objetivam manter a cidade limpa e despertar a consciência ecológica dos seus moradores. Já criaram legislação municipal, permitindo a distribuição de panfletos somente nas caixas de correio. Algumas, inclusive, vão além, adotando um adesivo a ser colocado nas caixas de correspondência, que identifica quem não quer receber material publicitário.
Estou propondo, em Montenegro, que seja criada uma lei proibindo a colocação de panfletos nos pára-brisas dos carros estacionados em via pública. Um primeiro passo, no sentido de disciplinar a distribuição de propagandas e zelar pela limpeza das ruas e calçadas. Um ponto de partida para evitar tantos papéis a prejudicar o escoamento de água nas bocas de lobo e nas galerias pluviais.
Uma legislação desta natureza não pode ser iniciativa de vereador, sob pena de ser considerada inconstitucional por “vício de origem”. Por isso, a minha intenção é encaminhar uma sugestão oficial, através de uma Indicação. Antes disso, no entanto, realizaremos uma reunião com a Administração Municipal com o intuito de saber qual a posição com relação ao assunto. Já ouvimos o Conselho Municipal de Meio Ambiente e a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro/Pareci Novo, de quem tivemos total apoio.
Resta saber o que pensa a prefeitura. Até porque dependerá dela a criação e fiscalização da lei. Acredito que o Executivo também será favorável, levando em conta os prejuízos computados a cada chuvarada e a grande soma de recursos usada para pagar o serviço de limpeza das ruas.
Sei que proibir a colocação de panfletos nos carros estacionados não vai resolver o problema da sujeira, tampouco evitará que haja bocas de lobo entupidas. Porém, se quisermos colaborar com a limpeza da cidade e contribuir com o meio ambiente, temos de começar por um ponto. Minha proposta inicial é esta, fácil de implantar e fiscalizar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Artigo: "Corrigir o rumo" (05/09/2011)

Desde as minhas primeiras manifestações neste espaço semanal falo da necessidade de haver sintonia entre o poder público e a comunidade. Que muitas vezes é preciso parar, reavaliar e corrigir o rumo. Que não existe fórmula mágica e que os melhores resultados são obtidos quando as ações são construídas em conjunto. Não há nada de incoerente ou constrangedor em repensar decisões. Muitas vezes retroceder pode significar avanço. Uma solução mais eficiente pode ser encontrada quando compartilhamos a responsabilidade de decidir.
Foi isto que aconteceu com relação à fixação do número de vereadores para a próxima legislatura. Ao retirar o projeto que fixa em 13 o número de vagas e propondo uma nova forma de discussão nós vereadores demonstramos que estamos atentos à comunidade que representamos.
O processo de discussão, e isso é preciso ressaltar, foi transparente desde o início. Primeiro, formou-se uma comissão com os partidos políticos, com vistas até de fortalecer e valorizar as siglas. Este grupo reuniu-se diversas vezes e pediu a opinião de outras entidades representativas (conselhos, associações comunitárias). Foi daí que nasceu a proposta de 13 vagas. O Legislativo acatou o que a maioria das manifestações indicou.
O que se viu a seguir, no entanto, foi que uma grande parte dos montenegrinos não se sentiu representada por quem emitiu opinião. Isto remete, também, a outra questão importante: o papel e a representação das entidades. É rotina a Câmara ouvir conselhos e outros entes da sociedade civil durante a tramitação dos projetos. Por isso, é importante que eles envolvam e reflitam a opinião e os anseios de quem representam. O que neste caso, parece que não aconteceu.
A discussão quanto ao número de vereadores está aberta. Hora de a população participar. Até agora, a maioria das manifestações é contra a ampliação, tendo como principal alegação o aumento de despesas. Justifica a manutenção das 10 cadeiras com a crise do hospital, os buracos nas ruas, a falta de remédios e outras carências. Neste sentido, vale esclarecer que manter o número atual não significa, por exemplo, o fim dos buracos. Não dá certeza de que não faltarão fraldas ou remédios na Saúde. Isso dependerá da boa gestão dos recursos públicos, da sua aplicação correta e eficiente. Da mobilização e fiscalização da comunidade, também, quanto ao atendimento das prioridades.
A Câmara mostrou responsabilidade neste episódio, comprovando que é possível sim corrigir rumos. Reavaliar e encontrar novas alternativas de encaminhamento para os temas da cidade. Mas é preciso ficar atento, tanto vereadores quanto população, pois a verdadeira cidadania requer continuidade. Não se constrói apenas com ações ou manifestações pontuais.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Artigo: "Contratos de longo prazo" (29/08/2011)

Não é de hoje que venho atentando para a questão dos contratos municipais, sobremaneira aqueles de longo prazo, que na maioria das vezes tratam de serviços essenciais, cuja suspensão pode causar um colapso na rotina da cidade. Falei em relação à coleta de lixo, que vem sendo prorrogada de forma contínua e emergencial, sem que haja uma solução mais definitiva. Abordei o abastecimento de água, cujo novo contrato ainda não está concluído.
Além destes, está na iminência de expirar o contrato do transporte público, assinado em janeiro de 2007, com prazo de cinco anos, e que pode ser renovado por igual período, se houver manifestação neste sentido por parte da concessionária do serviço (seis meses antes) e se a Administração Municipal entender que a continuação é melhor do que abrir um novo processo licitatório. Estamos questionando, através de Pedido de Informação, qual a intenção do Executivo com relação à concessão do transporte coletivo. Se a empresa já demonstrou interesse em continuar e quais as providências adotadas relativamente a este assunto.
Paralelo, também estamos propondo uma reunião para discutir o tema. É importante que saibamos o que está sendo planejado, em que “pé” está a negociação. Se já iniciou, quais os termos. Faltam quatro meses para o fim do contrato e sabemos que, em se tratando de serviço público, há sempre muita morosidade e vários trâmites burocráticos até o acerto final. Por isso a preocupação. O prazo de 120 dias não deveria, mas pode ser insuficiente.
O Pedido de Informação ou o Requerimento para reunião não significam crítica ao serviço prestado. A preocupação maior, neste momento, é com o andamento do processo por causa da aproximação do fim da vigência do contrato. A partir do momento em que tivermos conhecimento da forma como o processo está sendo conduzido e qual o entendimento da Administração – e também da empresa – quanto à renovação, é que poderemos avançar para a discussão do que pode (e deve) ser melhorado. Sem saber o que está acontecendo, é prematuro fazer qualquer tipo de avaliação.
Mais uma vez estamos usando as ferramentas à disposição dos legisladores para tratar de questões importantes no dia-a-dia da comunidade. Poderíamos deixar o prazo do contrato expirar e então, e só então, caso o serviço ficasse prejudicado, discursar sobre a falta de planejamento e os problemas causados. Ou, quem sabe, poderíamos simplesmente mencionar que seria interessante obter informações sobre o assunto sem, no entanto, propor nada na prática. Mas não. Optamos por indagar oficialmente e solicitar um encontro, a fim de sanar as dúvidas e conhecer a proposta. Continuar na mesma linha que adotamos no início do mandato, de prestigiar a responsabilidade, a participação e transparência, com o aval e a aprovação dos demais membros do Legislativo.

Artigo: "Onipresença e rapidez" (22/08/2011)

Particularmente gosto muito das atuais ferramentas de comunicação. Nem lembro mais como era antes. Quase nunca me separo do celular e grande parte do tempo passo “conectado”. Confesso, no entanto, que sou mais um curioso do que um expert. E que minha admiração nada tem a ver com a intrincada tecnologia. Vem da agilidade e da amplitude que elas me proporcionam. Ah! Como conseguimos ser rápidos com estas ferramentas. Mesmo assim ainda falta tempo para resolver tantas coisas.
Se não me falha a memória, já abordei aqui neste espaço que é impossível saber de tudo que acontece na cidade. Não somos onipresentes. Não raras vezes as pessoas se espantam quando digo que não tenho ciência deste ou daquele fato. Procuro estar sempre bem informado, mas há acontecimentos que me escapam. Se ninguém me conta eu “passo batido”, como se diz.
Por isso, desde o início do meu mandato procurei criar meios (site, emails, boletins de notícias e informativos de prestação de contas) que aproximassem a comunidade e estimulassem a participação das pessoas. Quando pensei que estava bem em termos em comunicação, apareceram as redes sociais fervilhando de opiniões e idéias. Com ponto e contraponto. Campo para todo o tipo de manifestação. Mais uma vez lá estava eu tentando aprender a me comunicar e interagir também neste ambiente. Pergunta daqui como se faz. Questiona dali como funciona. Ajuda daqui, ajuda dali e pronto. Sou membro de diversas comunidades. Participativo, sempre que possível.
O que deve ficar claro, porém, é que apesar do meu interesse e da minha disposição em aprender e fazer parte deste vasto espaço virtual, eu não posso dedicar a ele todo meu tempo. Existem outros afazeres e compromissos. Muitos assuntos que ainda precisam ser tratados da maneira tradicional. Seguir aqueles ritos burocráticos e morosos.
Quero acreditar que estou no caminho certo e que minhas manifestações são válidas pelo teor, pela qualidade. Não pela quantidade de respostas ou comentários. Até porque, esta é uma questão complicada. Se falo e proponho muito, sempre há quem me acuse de querer monopolizar ou ganhar visibilidade. Se fico longe, por conta das circunstâncias de trabalho ou da vereança, me criticam por omissão.
Mas eu gosto disso. Dessa movimentação. Dessa agilidade. Das opiniões heterogêneas. Sinto-me integrado e vou aprendendo. Ávido, cada dia uma coisa nova, um passo diferente. Tento aprender e contribuir. Depressa, porque sei que nem mesmo dominei esta e já há de aparecer outra ferramenta. Ainda mais moderna e bem mais rápida.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Artigo: "Homenagem aos Robertos" (15/08/2011)

Mesmo que um dia atrasado, quero parabenizar todos os pais montenegrinos pelo dia de ontem. Desejar saúde, para que possam ainda por muito tempo acompanhar a trajetória de seus filhos. Paz, a fim de que sejam sempre o porto seguro, e sabedoria para que compreendam a dimensão da sua responsabilidade.
Aqueles que me conhecem sabem do orgulho, amor e gratidão que tenho pelo meu pai. Que sempre externo estes sentimentos e na grande maioria das vezes quando falo nele – Roberto Atayde Cardona – me emociono. Impossível evitar. Aliás, já nem tento mais disfarçar. Aprendi a conviver com a saudade e descobri que seguir os ensinamentos que ele deixou, como de pai de família e homem público, é a melhor forma de honrar a sua memória.
A presença de meu pai ainda é muito forte, apesar dos longos anos de ausência. Muito pela sua importância familiar. Outro tanto porque volta e meia alguém lembra sua atuação política. Seja numa situação ou outra, ele é exemplo. Simboliza aquilo que todos nós deveríamos almejar. Significa tudo que desejo ser para os meus filhos. Se algum dia eles tiverem por mim o respeito e o orgulho que tenho pelo que o meu pai foi, terei cumprido minha missão. Saberei que fiz a coisa certa. Como homem e como político.
Entrar na vida pública não é uma decisão fácil. Não o foi nem para mim, que desde pequeno convivi com as questões político-partidárias. Justo porque não nos tornamos um “ente” público sozinho. Envolvemos a todos que são próximos. A família, principalmente. Não há como blindá-la. O que fazemos repercute. A conseqüência de nossas ações reflete também nela.
Eu tenho um exemplo a seguir e um legado a preservar. Sou afortunado, eu sei. Mas isso só aumenta a minha responsabilidade. Tenho consciência disso e busco todos os dias manter o padrão de ética, trabalho e honestidade que recebi do meu pai. Procuro repassar, no dia-a-dia, este comportamento para os meus filhos. Sei que hoje sou o espelho deles e que depende da minha atuação para que vejam uma imagem bonita e positiva.
Neste momento pós Dia dos Pais, ainda no espírito da data comemorativa, minha homenagem a todos os “Robertos Cardonas” espalhados por aí. Homens simples, porém de enorme nobreza. Homens que educam e se dedicam aos filhos. Que procuram do seu jeito e dentro das suas limitações e possibilidades, construir um mundo melhor. Que buscam fazer a diferença. Ser dignos de confiança. Não só para os seus, mas para todos aqueles que fazem parte da sua comunidade.

Artigo: "Acesso ao conhecimento (08/08/2011)

Li, com satisfação, na edição de sábado, que em dezembro será realizado o primeiro vestibular da Unisc – campus de Montenegro. Há tempos esperávamos esta notícia, uma vez que a estrutura física está pronta e há muitos interessados nos cursos de graduação que serão oferecidos. Os montenegrinos, acostumados a percorrer longas distâncias para se graduar, terão, agora, mais uma alternativa local. Digo mais uma porque já temos a Uergs, uma grande conquista da comunidade, que desempenha importante papel de formação na área das artes.
Quando da inauguração do campus eu já expus minha opinião quanto à abrangência da vinda da Unisc. E não só na questão educacional – que é o foco - mas também no que diz respeito à revitalização da área onde a faculdade está localizada. Inevitável será a necessidade de investimentos, públicos e privados, naquele ponto da cidade, a fim de atender as demandas e oportunidades que surgirão com o crescente movimento.
Iniciativas que facilitem o acesso ao conhecimento, à capacitação e qualificação são sempre bem-vindas. Ainda mais quando sabemos que existe uma grande lacuna entre as vagas de emprego e a formação de mão-de-obra. De um lado, muitos cidadãos à procura de trabalho. No outro, empresas com dificuldade de preencher seus quadros funcionais por falta de profissionais habilitados.
Cientes desta realidade estamos organizando, na Câmara, um evento para tratar do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), através do qual o governo federal pretende oferecer oito milhões de vagas, tanto na educação profissionalizante de alunos do ensino médio, como para a qualificação de trabalhadores. Aguardamos apenas a conciliação de agendas dos representantes federais que apresentarão o programa para confirmar a data e o horário. Queremos com isso não apenas conhecer mais a fundo o Pronatec, mas colocar a região do Vale do Caí, com ênfase em Montenegro, na lista dos municípios interessados – e aptos - em receber investimentos.
Ser contemplado com o Pronatec não será tarefa fácil, haja vista que inúmeras outras localidades também estão pleiteando os cursos técnicos. No entanto, acredito na força de mobilização da nossa comunidade. No esforço conjunto e no comprometimento de todos em prol desta causa.
A ocasião é propícia para que mostremos força, união e objetividade. É momento de provar maturidade e eficiência no que tange às questões que envolvem a comunidade. Dependerá do engajamento de todas as lideranças, sejam elas públicas ou da sociedade civil, para recebermos alguma ação do Pronatec.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Artigo: "O alvo" (1º/08/2011)

Tenho vivido dias esquisitos. Não sei se esta é a definição mais exata, mas é a que me ocorre, assim, de pronto. Estou na mira. Sinto-me um alvo. Aquele “ponto preto”, no centro da tabela, que todos querem acertar. E jogam dardos. E mais dardos. Uns com força, outros com técnica, alguns a esmo. Neste dardejar constante – quase ininterrupto – há arremessos de direita e de esquerda.
Convivo bem com esta minha atual condição porque sei que na política todos têm seus dias de alvo e de dardo. Com freqüência e rapidez as posições se invertem. Não sei precisar o que é melhor ou mais fácil. Acredito, porém, que é necessário estar preparado. Quando dardo, ter convicção do ataque. Saber o que se quer e a importância de atingir. Quando alvo, sustentar a defesa. Certeza e força para impedir que acertem.
Metáforas à parte, a saída do PP do governo municipal é que me transformou no alvo. Reitero que não foi imposição minha. Nem exigência. Nem vontade única. Foi uma decisão de colegiado. O diretório – formado na grande maioria por pessoas sem cargo, que participam ativamente porque se identificam com a ideologia do partido e confiam na construção de uma cidade melhor - entendeu que a coligação não deu certo. O desgaste na relação com o PMDB e os equívocos administrativos já vinham sendo apontados e discutidos desde agosto de 2009. Está registrado nas atas das reuniões progressistas.
Falta com a verdade quem afirma que é oportunismo. Um bom número de filiados já vinha pedindo um rumo, propondo mudanças e apresentando alternativas. Cobrando de todos, inclusive de quem representa o PP na Administração Municipal, cumprimento do programa de governo. Não deu resultado e chegamos num ponto onde já não havia perspectiva, de mudança ou melhora. Então o diretório decidiu pela saída imediata.
É raso pessoalizar ou se ater somente às questões políticas (eleitorais) deste episódio. Não são as diferenças partidárias que determinam o sucesso ou fracasso de uma gestão. Pelo contrário, acho que a pluralidade equilibra e permite uma visão mais ampla. Existem muitas coligações que comprovam isso.
O que faz dar certo – ou não – é o grau de comprometimento de cada um com as propostas. É o tamanho do envolvimento. É sintonia nas ações. Quando há foco, disposição, trabalho conjunto e compromisso, a convergência é natural e traz resultados positivos. Quando não traz, é preciso verificar onde estão as falhas e corrigir o rumo.
Foi isso que o diretório do PP fez quando optou pela saída do governo municipal. Reviu sua caminhada, com coerência e autocrítica. Cansado de seguir sem direção, resolveu reencontrar o rumo. Por enquanto, sozinho.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Artigo: "Mesmo partido" (25/07/2011)

Dias atrás comentei sobre a faxina que fiz nos móveis onde guardo “minhas memórias”. Resolvi chamar assim o catatau de documentos, recortes e fotografias conservados – e agora organizados – em diversas gavetas. E na grata satisfação de reler alguns trechos daqueles velhos arquivos. Tão antigos e ao mesmo tempo muito atuais.
Com meu acervo virtual acontece algo semelhante. De vez em quando preciso “limpar as pastas”. Abrir espaço para novos arquivos. E, como no caso das gavetas, acabo reencontrando materiais já esquecidos, cuja releitura – tanto tempo depois - permite nova interpretação, tem novo significado.
Este período que dediquei à organização dos meus arquivos (nas gavetas e no computador) me fez perceber a quanto tempo eu bato na mesma tecla. Fez ver que o meu discurso é o mesmo, meu partido é o mesmo e minha convicção continua igual. Quantos de nós podemos nos orgulhar disso? Sim, porque tenho orgulho de manter a mesma postura, de ter o mesmo ideal ao longo dos anos.
Logicamente que isto não significa que eu seja imutável ou dono de uma verdade absoluta. Pelo contrário. Mudei com as mudanças. Adaptei-me ao novo. Aprendi com as vitórias e amadureci com as derrotas. Nunca fiz imposições nem busquei meu espaço desqualificando outros. Defendo idéias e propostas.
Desde sempre estou no mesmo partido. Nem sempre concordei com ele. Tampouco ele concordou comigo. Tivemos – ou eu ou o partido - de retroceder várias vezes, noutras aceitar o que a maioria decidiu. Mas é assim que funciona na democracia. É desta forma que se avança e se evolui.
O momento político que vivemos na cidade traz à tona uma questão que me inquieta, e não é de hoje. Fidelidade partidária significa ser fiel a quem? Ao que? De praxe, exige-se que os políticos sejam fiéis aos partidos. Mas e os partidos? Alguém observa ou mede o tamanho da fidelidade deles em relação aos filiados? Onde começa e termina o dever, e o direito, de um e de outro?
Penso que fidelidade tem a ver com memória. É infiel quem não cumpre o que prometeu, quem perde o rumo, quem esquece os compromissos de campanha, relega os programas de governo com os quais se comprometeu. Quem não faz a sua parte nem aceita a opinião ou parcerias de outros. Quem esquece os motivos pelos quais se elegeu.
Fidelidade não significa concordar com tudo, nem votar sempre a favor. Também é leal quem aponta erros e propõe mudanças. Quem mostra e quer um caminho diferente. Quem sustenta suas convicções e honra seu mandato.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Artigo: "Cursos Profissionalizantes" (18/07/2011)

Puxa vida! Com essa expressão manifesto minha indecisão sobre o tema deste artigo. A semana foi cheia de novidades. Houve importantes decisões - e manifestações - político-partidárias, a posse de Heitor Müller na Fiergs, a retomada das negociações com a Corsan, a suspensão da concorrência para o lixo. Assuntos que já tratei neste espaço, mas que mereceriam algumas considerações. E terão, certamente, na seqüencia.
Porém vou me ater, hoje, a um assunto que precisa da atenção de todos. Uma proposta encaminhada (e aprovada) na Câmara que depende da mobilização dos montenegrinos e das lideranças da região. Da superação das diferenças partidárias e da canalização de esforços num único objetivo.
O momento não parece propício? Bem, teremos de encarar o desafio de mostrar que apesar de toda a diversidade, de opinião ou postura, de sigla ou representação, estamos unidos para defender investimentos na educação, capacitação e qualificação.
Estou falando sobre o Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – lançado pelo Governo Federal e que oferecerá, até 2014, oito milhões de vagas, tanto na educação profissionalizante de alunos do ensino médio, como para a qualificação de trabalhadores. Para atingir esta meta haverá investimentos na construção de novas escolas técnicas, na ampliação das já existentes e nas parcerias público-privadas.
Propus, junto com os vereadores Laureno e Tuco, a realização de uma reunião para tratar deste assunto. Um encontro com representantes de vários segmentos montenegrinos e lideranças da região. Participei da audiência pública sobre o Pronatec realizada na Assembléia Legislativa e vi que inúmeros municípios já se organizaram e têm projetos nesta área. Estão prontos para pleitear escolas e cursos técnicos. Se não agilizarmos a mobilização por aqui, ficaremos para trás e perderemos a oportunidade de sermos incluídos no Programa. Temos de nos movimentar, e rápido.
Estamos agendando esta reunião pública, como primeiro passo, com o objetivo de juntar informações sobre a situação dos cursos técnicos na região. Ouvir formadores e usuários para verificar o que temos e quais as demandas, além é claro, de tentar sensibilizar representantes de órgãos (como a Coordenadoria Regional de Educação, a Superintendência da Educação Profissional do RS, a Assembléia Legislativa, entre outros) que terão papel decisivo na hora de definir os projetos que serão contemplados através do Pronatec.
É hora de mobilização e ação. Só com a participação de todos os setores e o comprometimento de todas as lideranças – públicas e privadas – é que conseguiremos criar um movimento forte e eficiente. O foco é a implantação de cursos técnicos. É viabilizar a capacitação e qualificação de jovens e adultos, facilitando-lhes o acesso ao conhecimento. Está em nossas mãos demonstrar unidade, maturidade e competência. Atitudes fundamentais, se quisermos garantir ações do Pronatec.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Artigo: "Exemplos de vida" (11/07/2011)

Por vezes me flagro imaginando quem serão, no futuro, as pessoas que servirão de referência para meus filhos. Sobremaneira os menores, que ainda não completaram uma década de vida. Será que eu serei para eles um exemplo como o meu pai foi para mim? Dia desses, numa reunião, falaram-me que estou muito parecido com meu pai, tanto na fisionomia, como no jeito de falar. Fiquei agradecido e lisonjeado. Muito orgulhoso até. Ser comparado a ele é um elogio. Uma honra.
Que bom seria se todos tivessem os passos de alguém para seguir. Não por obrigação, mas por reconhecimento e amor. Aquela liderança baseada no bom exemplo, nos valores que fazem a diferença, como ética, honestidade, comprometimento...
Aliás, mencionar estes valores, ou quem sabe, estas qualidades, tão esquecidos (para não dizer ausentes) na atualidade, me fez lembrar um montenegrino que serve de referência para todos nós. Nesta semana, por mérito, inclusive, estará assumindo a presidência da maior entidade empresarial gaúcha. Sim, estou falando de Heitor José Müller, o novo presidente da Fiergs – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul -. Sim, estou falando de mérito, porque não se chega a um cargo destes por acaso. Também não se assume uma posição destas sem compromisso. É necessária uma respeitável bagagem profissional, uma liderança firme. Um comprometimento que inspire confiança.
Heitor Müller é uma daquelas pessoas que nos fazem acreditar no trabalho, na dignidade e na família. Daqueles que nos remetem ao bem e nos fazem perceber que o sucesso profissional só é alcançado quando está em harmonia com o crescimento pessoal. Que é preciso perseverança para alcançar os objetivos e disposição para construir uma sociedade melhor. Sabedoria para se adaptar às mudanças e evoluir com elas.
Apesar de neste momento, por estar na iminência de assumir o comando da Fiergs, sobressair a sua vitoriosa trajetória empresarial, onde, diga-se de passagem, sempre ousou, inovou e valorizou seus colaboradores, nós montenegrinos sabemos que Heitor Müller é mais que um empreendedor. É um exemplo de cidadão. Não perdeu a essência, nem esqueceu seus princípios. Mesmo conhecendo inúmeros outros países, dominando diversas outras línguas, manteve suas raízes bem fortes na terra natal e sempre, sem fazer alarde ou almejar notoriedade, contribuiu para o desenvolvimento de Montenegro.
Considero-me um homem afortunado, porque posso me espelhar no exemplo de dois grandes homens, Roberto Cardona e Heitor Müller, que mesmo expoentes em suas carreiras – um na política, outro no empresarial – nunca descuidaram da família, dos amigos e da comunidade. Um deles, infelizmente, permanece só na memória. Persiste porque deixou um legado e muitas lembranças boas.
Aproveitemos então, o privilégio de conviver com Heitor Müller. De aprender com ele que é possível conciliar grandeza com simplicidade, nobreza com modéstia, sucesso com família e fraternidade.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Artigo: "Antigo e atual" (04/07/2011)

Estranho que uma tarefa enfadonha, como organizar documentos e arquivos, tenha o poder de revigorar nossas energias e fortalecer nossas convicções. É estranho, mas aconteceu comigo. Se eu soubesse que seria tão gratificante rever meus “guardados”, não teria adiado tanto o momento de fazer uma limpeza nos armários e estantes.
Minha arrumação nas velhas pastas demorou bem mais do que eu previa, pois volta e meia encontrava um artigo ou pronunciamento interessante e, claro, tinha de lê-los na íntegra. Um texto levava a outro, depois outro e mais outro. Tão antigos e mesmo assim bem atuais. Com satisfação, percebi que o assunto planejamento, que trato com tanta insistência hoje, já pautava meu trabalho no primeiro mandato, de 1993 a 1996. Está nos “recortes” de jornais da época e no material que guardo daquela legislatura.
“...Recentemente, propus a discussão de um projeto a longo prazo para Montenegro, a princípio entre todos os partidos. Começo pelos partidos porque eles terão de ter um comprometimento com o plano que será traçado para o município. Mas teremos de ouvir a comunidade, pois a opinião e o engajamento dela serão imprescindíveis para o êxito do projeto. A proposta construída em conjunto deverá ser respeitada, independente de nomes ou siglas eleitas. Mantida pelas futuras administrações...”
“...Temos conhecimento que os problemas da cidade, em vários aspectos, no decorrer dos anos, não estão sendo resolvidos. Então pensamos que os partidos políticos deveriam se unir e discutir uma proposta de governo para os próximos anos. Não estamos nos referindo a nomes de pessoas. Estamos nos referindo à discussão de uma proposta de governo não só para os próximos quatro anos, mas uma proposta para o desenvolvimento de Montenegro nos próximos oito, doze ou dezesseis anos. Que esta proposta, discutida na cidade, entre os partidos e entre a comunidade possa ser executada pelos próximos administradores. Estamos propondo a discussão de um trabalho a longo prazo. O debate do futuro de Montenegro, para que consigamos tirar a cidade, como dizem muitos, deste marasmo. Enquanto município vizinhos crescem, nós permanecemos aqui discutindo questões menores. Proponho um amadurecimento político e a discussão conjunta de alternativas que solucionem os problemas e promovam o crescimento...”
Parecem citações de agora? Não são. São bem antigas. Para ser mais exato, do século passado. Trechos de um texto publicado na minha prestação de contas em 1994 e parte de um pronunciamento feito na tribuna naquele mesmo ano. E só para constar, a título de informação para os mais jovens e, principalmente para os mais céticos, naquela época o prefeito da cidade era do meu partido.
Mantenho meu discurso e minha convicção. Quase 20 anos depois, ter um projeto de futuro continua sendo fundamental. Ouvir a comunidade ainda é imprescindível.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Artigo: "Pela cultura" (27/06/2011)

Na semana passada aprovamos uma alteração no Código Tributário do Município que diminui a alíquota de ISS (Imposto Sobre Serviços) incidente sobre apresentações culturais para 2%. O projeto, encaminhado à Câmara em maio deste ano, contempla o que sugerimos ao Executivo em agosto de 2009, através da Indicação nº 058.
Encontrar alternativas que propiciem o crescimento da produção cultural e artística em Montenegro. Foi com este objetivo que encaminhei a proposta para que fosse reduzido o ISS cobrado sobre as atividades ligadas à cultura. Ostentamos o slogam de “Cidade das Artes” e somos, efetivamente, um pólo cultural na região. Se quisermos manter esta posição, precisamos fortalecer e estimular o setor. Uma das formas, eu já alegava naquela época, seria diminuindo a taxação, que até agora era de 5%, a alíquota máxima. No Código Tributário as alíquotas de ISS variam de 2 a 5%. Outros serviços tiveram redução em períodos passados, concedida justamente para incrementar determinadas atividades empresariais ou profissionais. Um exemplo é a informativa, na década de 90.
No texto da Indicação sugeri, ainda, a formação de um grupo (envolvendo setores da Prefeitura e entidades ligadas à cultura) para analisar esta reavaliação da alíquota. Antes também, conversei com representantes da Fundarte e do Conselho Municipal de Cultura, a fim de ouvir a opinião deles quanto à redução. Todos foram favoráveis e apoiaram a proposta.
Sabemos que o setor cultural, apesar da sua diversidade e grandeza, tem dificuldades para se manter. Trabalhar com cultura e arte exige uma enorme dedicação, mas nem sempre compensa financeiramente. Por conta disso, muitos não conseguem expandir ou melhorar. Outros tantos sequer conseguem “permanecer na ativa”.
A redução de ISS é uma forma de incentivar. Um empurrãozinho que pode, inclusive, auxiliar para que surjam novos artistas ou sejam criadas (ou trazidas) novas opções culturais na cidade. Mais do que isso até. A decisão pela alíquota mínima é uma maneira de demonstrar que o poder público se preocupa com o fomento às atividades culturais e quer honrar o nome “Cidades das Artes”, que tanto usa e divulga em seus documentos oficiais.
Demorou dois anos para que a sugestão que demos fosse acolhida e colocada em prática. Mesmo assim é bem-vinda. Sempre é tempo de aperfeiçoar a legislação, rever pontos de vista e encontrar alternativas que atendam as demandas da comunidade.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Artigo: "Cem ou sem?" (20/06/2011)

Permitam-me externar a satisfação de estar, neste momento, compartilhando o centésimo artigo escrito para a “Tribuna”. Estou orgulhoso, e muito, porque sei das minhas limitações como articulista. Porque sei o tamanho da responsabilidade que representa, semanalmente, expor meu ponto de vista, minha opinião e visão sobre os mais diferentes temas. A importância de ser claro, objetivo e autêntico. De conseguir prender o interesse dos leitores.
Para marcar esta data, resolvi retomar alguns assuntos abordados lá atrás, há dois anos, quando comecei a usar este espaço. Tenho de trazê-los à baila novamente. Nada de saudosismo ou repetição. Apenas realidade e constatação. Ao preparar a coluna de hoje, fiquei a pensar sobre o “cem”. Mas, como os pensamentos nem sempre respeitam (ou conhecem) as regras de Português, minha reflexão enveredou para o “sem”.
Qual a cidade que queremos? No artigo cem, continuamos sem planejamento e sem rumo. Participação e envolvimento da comunidade nas ações e decisões? No artigo cem, continuamos sem mobilizar os cidadãos e sem traduzir seus anseios. Soluções para os problemas urbanos recorrentes? No artigo cem, ainda sem eficiência e vivendo de paliativos. Melhorias na qualidade de vida dos montenegrinos, compatível com o crescimento econômico do município? No artigo cem, evoluímos no orçamento, mas sem ampliar os investimentos públicos. Questões imprescindíveis para a comunidade? No artigo cem, continuamos tratando-as como pontuais e pessoais, sem transformá-las em políticas públicas.
Estes são exemplos de assuntos que abordei ao longo dos meses, no intuito de contribuir, fazer o contraponto, construir. Não pensei que fossem servir como uma luva neste artigo sem. Quero dizer, cem.
Como o momento é de recordar – eu pelo menos recapitulei diversos pontos ao preparar este texto – é propício para que eu me manifeste sobre o plano de governo divulgado durante a campanha de 2008. Não é justo fingir que aquelas propostas não existiram, nem verdadeiro que elas serviram apenas de marketing. São propostas viáveis, elaboradas pela arquiteta urbanista Eliana Cheron, baseadas em estudos concretos e com o objetivo de qualificar a cidade. Foram levadas ao conhecimento e aprovação da coligação que hoje administra o município, que se comprometeu em priorizá-las e transformá-las em ações.
As unidades de vizinhança, o parque bairro de nossas vidas, a revitalização do Parque Centenário, o parque do Rio Caí, parque do Morro São João e o sistema de tratamento de esgoto tiveram cem por cento de apoio na época e têm, ainda hoje, cem por cento de chance de execução. Basta que se queira implementá-las e se busque as parcerias (públicas e/ou privadas) para colocar em prática.
As propostas existem e são exeqüíveis. Resta saber se há disposição e ousadia para trocar uma letra. Transformar o “sem” projetos em “tem” projetos.

Artigo: "Semana do Verde" (13/06/2011)

Temos por hábito dedicar datas - ou períodos – a temas específicos. Existem não sei quantos “dia disso, dia daquilo”. Ou então “semana deste ou daquele”. Criados, certamente, para destacar a importância. Com o intuito de marcar fatos históricos ou reservar, na correria e no cotidiano da vida moderna, momentos especiais de reflexão e discussão.
Durante as atividades da Semana do Meio Ambiente tivemos, outra vez, oportunidade para repensar nossas atitudes e rever nossas ações. Fomos chamados à responsabilidade. Estimulados a nos comprometer, no dia-a-dia, com a natureza e o futuro do planeta. Conscientizados, de novo, sobre o papel que temos como cidadãos e da diferença que faz – agora e para frente – a mudança nos hábitos e atitudes.
Acredito que toda a programação foi eficaz e atingiu seus objetivos. Se em alguns casos, ou para algumas pessoas, não convenceu, pelo menos chamou à atenção. E conseguir atentar para as questões ambientais já é um avanço. Estamos aprendendo e, aos poucos assimilando, o impacto que as atitudes individuais têm sobre o coletivo. Sobre as conseqüências, quase sempre catastróficas, advindas da falta de cuidado (ou preocupação) com a natureza.
Neste sentido, penso ser imprescindível o trabalho com as crianças, sobremaneira nas escolas. Através delas se consegue modificar o comportamento dos adultos. Lembram quando foi criada a lei obrigando o uso do cinto de segurança nos carros? A grande maioria dos adultos, que não estava acostumada e nem sabia se conseguiria cumprir, acabou se adaptando porque os filhos, ao embarcar no veículo, cobravam a colocação do cinto. Assim também é com o meio ambiente. O que aprendem na escola, elas levam para casa. Exigem dos pais e dos amigos.
Cá entre nós, as acrianças têm um poder inexplicável. São mesclas de conhecimento e atrevimento. Ingenuidade e perseverança. Singeleza e contundência. Quando aprendem que gestos simples, como jogar papel no chão, traz conseqüências, cobram e exigem mais cuidado. A nós adultos, não resta alternativa que não obedecer e dar o exemplo.
A cor predominante da semana foi o verde. Aquele que simboliza a natureza e representa a esperança. Um “tom” mais alegre e vivo, apesar de ameaçado, que conseguiu contrapor o cinzento, dos conformados, e o preto, dos descrentes, tão em voga ultimamente.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Artigo: "Governo e partido" (06/06/2011)

Diversas manifestações na imprensa e noutras ferramentas de comunicação nos últimos tempos mostra que entramos no período pré-eleitoral. Por isso, temas que abordo desde 2009 têm uma leitura diferente. São tratados como se fossem novos, como se eu estivesse falando neles pela primeira vez. No entanto, as cobranças que faço – e minha postura como vereador - são as mesmas desde 2009, quando assumi o atual mandato. Não é coisa de momento ou oportunidade. Sempre defendi a importância e a finalidade do Legislativo. Levei em consideração que Executivo e Legislativo têm papéis distintos e precisam ser independentes. No Brasil se criou, ao longo da história, o costume de parlamentos dependentes do Executivo, que funcionam como um apêndice e esquecem sua real função, que é justamente de fiscalizar.
Li uma entrevista, dias atrás, onde um sociólogo analisava o processo democrático no país. Dizia que a democracia no Brasil está fragilizada porque os legislativos estão deixando de existir, não têm independência. Segundo ele, a cada quatro anos apenas escolhemos quem vai ser o próximo ditador nas esferas federal, estadual e municipal. Não há poder que exerça o contraponto. Tudo que o presidente, o governador e o prefeito querem, eles conseguem. Os parlamentos são submissos. Estão atrelados a cargos, verbas e apoios.
Tenho me referido a isto várias vezes, há bastante tempo. Autonomia dos poderes. Da necessidade de entender e separar a função de cada um e, sobretudo, resgatar o pleno exercício do papel principal do vereador, que é de fiscalizar os atos do Executivo.
Parece estranho quando pessoas que integram o partido que está no comando não se submetem a tudo que é proposto. No caso dos vereadores, então, a estranheza aumenta. Mas é preciso compreender que nós vereadores fomos eleitos para legislar, fiscalizar e representar os interesses da comunidade. Ouvir o que ela diz e verificar se o que está posto pelo Executivo vai ao encontro do que ela precisa.
Minhas manifestações e posições são respaldadas pela Lei Orgânica e Regimento Interno da Câmara. São coerentes com o que prega o estatuto do meu partido e respondem à função que a população me delegou. Em desacordo estou apenas com aqueles que entendem que os políticos são todos iguais. Que os poderes são tudo um só e que todos devem se submeter ao que o Executivo quer.
Não raro, o que o “governo” quer (e faz) não reflete os anseios da comunidade e fica longe do que determinam os estatutos dos partidos. É preciso fiscalizar e muitas vezes criticar, identificar o que está errado. Mostrar alternativas e propor mudanças.
Governo e partido são coisas diferentes. Assim como Legislativo e Executivo. Fui eleito para ser vereador e cumpro esta tarefa. Não me elegi para concordar com tudo. Prefiro apontar as falhas que encobri-las. Porque só assim se consegue corrigir, melhorar e crescer.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Artigo: "Dom Quixote" (30/05/2011)

Por onde quer que eu ande, nos últimos tempos, é feita a mesma pergunta: “Então Marcelo, serás candidato a prefeito?”. A resposta, de tantas vezes repetida, sai pronta e automaticamente: “Esta decisão não depende só de mim ou da minha vontade. Depende do partido. Precisa ser consenso e vem atrelada, no meu entendimento, ao que se quer para a cidade. Primeiro precisamos pensar no projeto para depois escolher os nomes”.
A maioria concorda com o que digo, ou finge que compreende minha posição. Nem pensa e apenas replica apresentando sugestões. Alguns, numa atitude positiva, me garantem que tudo vai dar certo. Sem referência exata ao que isto significa. Outros tantos, mais céticos, me previnem sobre as dificuldades atuais e futuras. Esta semana, porém, ouvi algo inusitado – comparando com as manifestações corriqueiras – e que me fez refletir. Disseram-me que pareço um Dom Quixote. Que não fui eu quem fez as regras, mas se quero participar do “jogo”, tenho de me enquadrar a elas. No caso das eleições, mais especificamente, exigir uma resposta e uma definição. Porque é assim que funciona. É assim que se procede desde sempre. A partir da candidatura ou do nome lançado, se busca apoios, coligações e propostas.
Cá entre nós, até gostei da comparação quixotesca. Ainda mais quando sei que idealista, ou sonhador, não são adjetivos usados com freqüência - diria quase nunca - para me caracterizar. O que é natural, já que prefiro revelar meu lado prático, direto e objetivo. Já que costumo falar de planejamento, metas e resultados, coisas que não combinam muito com ilusões, enganos ou utopias.
Mas, armaduras e moinhos de vento à parte, minha reflexão se deu mais por causa do comentário sobre as regras do jogo. Quais são elas? O que significa adaptar-se a elas? É possível reeditá-las? Fazer diferente? Quem pode mudá-las?
Como um pensamento puxa outro, lembrei daqueles que têm me chamado de oportunista porque critico a atual Administração Municipal, da qual – para quem não sabe ou lembra – meu partido (PP) faz parte. De forma alguma posso aceitar este rótulo porque minha contrariedade não é de agora, nem momentânea. Vem desde o começo deste mandato e recai, sobretudo, sobre a forma de gerir o município. Refere-se à falta de rumo. Tem a ver com a maneira de conduzir a coisa pública. Refere-se à letargia e desorganização, sem mencionar os “equívocos”, das ações e decisões.
Sei que daqui para frente – até as eleições – tudo ganhará dimensão e será motivo de debate e confronto. Haverá muitos moinhos e aparecerão vários Dom Quixote. Nunca pensei em ser nem um, nem outro. Apesar das tais “regras do jogo” ou rótulos que me sejam imputados, eu sigo minha convicção e busco fazer a diferença. Mesmo quando isto implica apontar erros de membros do PP ou do partido como um todo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Artigo: "Lixo: uma montanha de dúvidas" (23/05/2011)

Faz tempo ouvimos falar em reciclagem. Ao longo dos anos, aperfeiçoamos as formas de separar e atualmente quase tudo é reutilizado. Campanhas mostram o quanto se ganha – em termos econômicos e ambientais – com a correta separação e destinação do lixo.
Sensibilizados, tanto com o futuro do planeta, quanto com o grande número de pessoas que sobrevivem dos despojos alheios, mudamos o comportamento. Ficamos mais cuidadosas e incorporamos ao dia-a-dia a rotina do “lixo seco, lixo orgânico”. Em casa, na escola, no trabalho. Uma lixeira para cada coisa. Um dia para cada lixo.
Em Montenegro, infelizmente, toda disposição em reaproveitar não se traduz em ganho ambiental, social e econômico. Aqui, lixo é lixo. Não importa se reciclável ou não. Tudo vai para o mesmo local. É misturado e amassado. Não gera renda para quem trabalha como catador e ainda onera os cofres públicos, já que o valor pago pela destinação final é o peso (que ninguém fiscaliza).
Fiz esta introdução a título de reflexão apenas, porque meu intuito é falar sobre a reunião que ocorreu na Câmara esta semana, para tratar das questões referentes ao lixo urbano e das famílias que perderam seu “ganha pão” com a interdição do aterro sanitário. O encontro, que reuniu vereadores, representantes do Executivo e Ministério Público, trouxe mais dúvidas do que respostas. Apesar de longo não chegou ao ponto de discutir o futuro. Foram duas horas buscando encontrar explicações para a situação atual, sem apontar o que será daqui para frente.
Não é de hoje que levanto dados e interrogo acerca do processo de coleta e destino do lixo. Ou questiono sobre o que se gasta com a limpeza pública. Serviços terceirizados, nos quais o município investe altas somas. Assim como não é de agora que martelo, com insistência, no tema planejamento.
No caso específico do lixo, tivemos cinco anos, durante contrato e mais as tantas prorrogações, para definir um plano. Nada feito. De última hora, mais uma prorrogação, já que o serviço de coleta não poderia ser paralisado, sob pena de se criar um caos na cidade.
A reunião na Câmara não foi, de forma alguma, marcada para anunciar a nova modalidade de coleta de lixo. Foi solicitada para buscar esclarecimentos sobre lixo, limpeza pública e a situação das famílias de catadores, que, diga-se de passagem, aguardam há mais de cinco anos pela conclusão do galpão de reciclagem.
Novo encontro está agendado. Tomara que mais promissor porque, infelizmente, a quantidade de dúvidas sobre como se faz e quanto se paga pela coleta e destinação do lixo, hoje, rivaliza com o volume de detritos que a cidade produz todos os dias.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Artigo: "Restos a pagar" (16/05/2011)

Aproveito este período, em que muito ainda se fala da Marcha dos Prefeitos em Brasília, para refletir sobre um tema antigo, mas ao mesmo tempo muito atual: o mercado das emendas parlamentares. Desde o início do meu mandato tenho abordado este assunto, denunciado este jogo político, quando se comemora o anúncio de recursos, mas as obras nunca acontecem.
O grande objetivo da marcha dos prefeitos este ano, foi justamente reivindicar os recursos prometidos, muitos deles até empenhados, que por questões burocráticas ou por corte no orçamento da União, não chegarão aos municípios. São quase 28 bilhões de Reais que estavam previstos e não serão concretizados. Das 496 cidades gaúchas, 444 sofrem com os tais restos a pagar (verbas que ficam de um ano para o outro e acabam não sendo pagas).
Quem acompanha minhas manifestações na tribuna da Câmara sabe que sou contra esta prática de ir à capital federal em busca de recursos sem um projeto concreto. Condeno a distribuição de dinheiro público, sobremaneira em épocas eleitorais, através de emendas parlamentares. Porque infelizmente é isso que acontece. Em períodos eleitorais os candidatos, do presidente ao deputado, prometem recursos para tudo. Criam expectativas nas comunidades, no entanto as obras não saem do papel.
Tão importante quanto enaltecer os políticos que contribuem com os projetos locais, destinando recursos e cuidando para que efetivamente sejam liberados, é lembrar aqueles que prometem milhões. Usam palanque para distribuir recursos públicos, sem sequer saber se estarão disponíveis. Enganam as lideranças municipais – e por conseqüência os eleitores - com promessas de milhões e muitas obras. O dinheiro nunca vem. As obras, é claro, jamais se concretizam.
Existem muitas justificativas para que as promessas não se cumpram. A culpa, normalmente, é da burocracia, da falta de projetos (que, justiça seja feita, às vezes acontece), descumprimento de prazos, cortes no orçamento federal... O que não se diz, e deveria ficar claro, é que uma emenda não é garantia de que o dinheiro estará disponível.
Na hora do anúncio, muitos flashes e sorrisos. Comemora-se a emenda. Quem resgata a auto-estima das pessoas, quando por várias campanhas se promete a mesma obra, mas ela nunca sai? Quando entra ano, sai ano, comunidades inteiras ficam à espera?
É preciso romper este ciclo, esta forma de fazer política, pois ela traz como resultado o que se lamenta muito em Montenegro na atualidade: a baixa auto-estima. As pessoas já não acreditam mais que as coisas podem acontecer, ou podem ser diferentes. De tantas promessas, acabam esquecendo que a boa gestão do recurso público é fundamental para melhorar a vida de cada cidadão.

Artigo: "Cidade, mãe e cultura" (09/05/2011)

Ao preparar o artigo desta semana, no primeiro momento, tencionei abordar Montenegro, que comemorou 138 anos. A cidade e seus habitantes, com certeza, merecem uma homenagem. Logo depois resolvi que escreveria sobre a cultura, já que chegou à Câmara um projeto de lei reduzindo a alíquota de ISSQN para as atividades culturais. Sugestão minha, feita ao Executivo em agosto de 2009, através de uma Indicação. Porém, lembrei do Dia das Mães e então achei interessante dedicar esta coluna a elas.
Perdoem-me aqueles que esperavam encontrar neste espaço semanal alguma “profecia” ou novidade política. Ou então que aguardavam minha opinião sobre os assuntos citadinos que estão em pauta. E não são poucos, eu sei. Na maioria, inclusive, complexos e polêmicos. Pois foi justamente por causa deles – deste catatau de temas que aguardam por definições – que optei, desta vez, por uma coisa mais suave.
Apesar da decisão de descartar as agruras, continuei ponderando. Será que falo sobre Montenegro, cultura ou as mães? Foi então que percebi que estes três tópicos estão intimamente atados. E que no meu caso não há como separar um do outro.
Sempre estive – e estou mais ainda agora atuando como vereador - ligado à cidade, que não deixa de ser uma espécie de mãe, que acolhe e abriga a todos aqueles que chegam. A cultura, por sua vez, desde que me entendo por gente, como se diz, faz parte do meu dia-a-dia. Iniciou no antigo conservatório de música e cresceu até se transformar na Fundarte, hoje reconhecida internacionalmente. Por conta disso, sem dúvida, Montenegro é a “Cidade das Artes”.
Na fluência da minha linha de raciocínio, com uma dose de emoção, confesso, chego à conclusão de que nada mais justo, neste momento, do que falar sobre a minha mãe, Therezinha Petry, que por opção e com orgulho, se tornou Cardona. Ela representa uma mistura de cidade, cultura e mãe. Meu exemplo de trabalho e sucesso. Minha referência de lar, carinho e dedicação.
Ela, assim como tantas outras mulheres e mães, sempre foi o porto seguro. O ponto de equilíbrio da família nos momentos difíceis. Que não foram poucos, ainda mais quando o marido e um dos filhos optaram pela vida pública, pela atividade política. Mas foi – e é – dela que extraímos a força e a coragem para encarar os desafios.
É a inspiração quando afirmamos que é possível fazer. Basta acreditar e ter atitude. Dela vem a certeza do amor incondicional. Do amparo. Da palavra certa. Do que representa união e responsabilidade. Ser fiel e honrado.
Também por ela sei do meu papel de filho, pai, cidadão e homem público. Quisera ter Montenegro e a cultura tantas outras Therezinhas como esta, que tenho o privilégio de chamar de mãe.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Artigo: "Prevenir ou remediar" (02/05/2011)

Li, algum tempo atrás, e por isso me perdoem se os números não forem exatos, que entre 2004 e 2010 o país usou R$ 500 mil em projetos de prevenção às catástrofes naturais. Neste mesmo período gastou quase R$ 5 bilhões para lidar com as conseqüências das intempéries. O texto alertava para a importância de ações preventivas, mais seguras e econômicas, já que no Brasil não há terremotos, vulcões ou nevascas, mas chuvas intensas, em distintos períodos, em diferentes lugares.
Lembrei deste texto, lido de forma aleatória em alguma revista, durante esta semana, enquanto contabilizávamos os prejuízos causados pelo temporal do feriado de Páscoa. Enquanto calculávamos, em Montenegro, o montante que será necessário para recuperar o que chuvarada estragou.
Sei que muito já se falou sobre a enxurrada da sexta-feira Santa. Foi até notícia em rede nacional. Sei também que não faltou empenho para socorrer as pessoas atingidas. Que o trabalho ágil e dedicado, de servidores públicos e voluntários, evitaram que houvesse vítimas fatais. Que a solidariedade dos montenegrinos, mais uma vez, esteve presente. Na hora da chuva e depois dela.
Este momento de desespero e infortúnio, além de expor nossa fragilidade diante da natureza, também nos propicia oportunidade para repensar sobre o que estamos fazendo com o meio ambiente e, mais ainda, no que deixamos de fazer para prevenir tamanho estrago. Será que se houvesse investimento de um milhão em ações preventivas, precisaríamos os 13 milhões – estimado pela prefeitura – para reconstruir o que foi danificado?
Mais do que barrancos sem contenção, galerias entupidas ou estradas precárias é a ocupação desorganizada e ilegal que causa as piores conseqüências numa enxurrada. O poder público precisa intervir, até porque é a ele que recorrem famílias e comunidades quando são atingidas por calamidades. O preço pago pela omissão – no caso de ocupações irregulares – é infinitamente maior do que o custo com a remoção.
Aliás, tenho convicção de que a desocupação das áreas de risco deve ser tratada como política pública. Com etapas e metas. Ações e resultados. Não pode ser encarada como ação ou programa de governo. Governos passam, mas o perigo das habitações irregulares não. Só tendem a aumentar.
Temos de mapear áreas de risco e retirar delas os moradores. Mesmo que seja uma medida antipática ou que haja resistência. Além disso, tomar providências para que os locais não sejam ocupados novamente. Porém, transferir famílias das áreas de risco não significa somente imputar-lhes outro endereço. É preciso dar-lhes infra-estrutura e apoio público. Mostrar-lhes que têm o mesmo padrão e tratamento que o restante da cidade.
A chuva não se pode conter, apesar de prever. A influência e conseqüência dela, entretanto, dependem do quanto planejamos e investimos na conscientização, prevenção e urbanização.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Artigo:"Deixar para depois" (25/04/2011)

Aqueles que acompanham esta coluna sabem que tenho batido na mesma tecla desde o início. Até quem lê meus artigos só esporadicamente percebe que insisto no assunto. É que mesmo quando não pretendo, acabo falando sobre ele. Já nem sei se sou eu que o persigo ou se é ele que não desgruda de mim. O tal planejamento.
A verdade é que tudo que acontece na cidade tem a ver com ele, ou quase sempre, está relacionado à ausência dele. Quando ele não está presente vive-se só reagindo, amenizando. Como se diz, no popular, correndo atrás do prejuízo.
Um exemplo? Distribuição de água tratada. Havia um contrato (convênio) de vinte anos entre a Prefeitura e a Corsan. Período longo, o que dava certa tranqüilidade. Porém, sabia-se que este contrato findaria e que em algum momento teria de ser discutido e negociado. Bem antes do seu vencimento, até pela importância do serviço prestado, a sua renovação devia ter sido analisada. Tivemos duas décadas para tratar do assunto. Tempo mais que suficiente para planejar, avaliar e debater alternativas com a comunidade. Mas não... Foi-se levando, deixando para depois. O prazo expirou e ficamos sem contrato.
Nesta mesma direção – ou melhor dizendo – nesta mesma falta de direção, vai a limpeza urbana. O contrato do lixo, outro exemplo, já venceu e vem sendo prorrogado sistematicamente, apesar do alto custo e da eficiência, questionável, no mínimo, do serviço. O Ministério Público precisou intervir no uso do lixão. Deu prazo para desativá-lo e recuperar a área. Fixou multa se houver descumprimento.
Este hábito de protelar não é de hoje. É histórico, cultural. Está arraigado ao setor público. Apesar de saber e reconhecer que é melhor prevenir, se vai remediando. Ao invés de construir alternativas planejadas, se vai adotando medidas paliativas, ações pontuais. Talvez na ilusão de que as soluções apareçam por conta própria ou, melhor ainda, os problemas desapareçam num passe de mágica.
Infelizmente, não há magia. As demandas da cidade que se apresentam e crescem a cada dia e, sobretudo, os casos que usei como exemplos não se resolvem espontaneamente. É preciso intervir e trabalhar por soluções eficientes, que evitem um colapso nos serviços essenciais, impeça a vazão de recursos públicos e protejam a cidade (seus moradores) de problemas ou prejuízos.
Não há mais como adiar. É preciso atitude. Depressa, mas com planejamento. Firme, mas sem teimosia.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Artigo: "Disposição para construir" (18/04/2011)

É constante a pergunta sobre a minha candidatura a prefeito. É contínua minha resposta de que estou à disposição, tenho vontade, mas que esta decisão não é só minha. Depende do partido, das circunstâncias. Não estou desconversando, tão pouco protelando ou desviando do assunto. Já iniciamos a discussão dentro do PP e tenho, reiteradas vezes, manifestado a opinião de que antes do nome deve vir o projeto. Tenho, repetidas vezes, lembrado que precisamos saber onde queremos chegar. A construção de um plano para Montenegro é maior que a indicação do nome. Melhor ainda seria se esta proposta de cidade tivesse uma participação mais ampla. Não ficasse restrita a um partido, segmento ou grupo somente. Mas para isso teríamos que estar abertos. Deixar para trás aquele ranço político, os manjados rótulos com os quais insistimos em carimbar os outros. Teríamos que nos permitir – e permitir aos demais – ouvir, ponderar e dividir. Sei que isto é complicado. Sempre haverá confronto de idéias. Diferentes modos de ver e analisar. Porém, acredito que é justamente nessa diversidade de conceitos e opiniões que está a possibilidade de encontrar o caminho certo. Uma cidade não se constrói ou se transforma com apenas uma ou duas pessoas. Depende do envolvimento de todos que fazem parte dela – estando à frente ou não. Uma cidade tem o tamanho que damos a ela, o desempenho que exigimos dela. Nos últimos tempos, principalmente através dos meios de comunicação e, sobretudo, pela internet, um grande número de montenegrinos tem externado opinião sobre o que acontece na cidade. Estas manifestações demonstram vontade de participar. Revelam, mesmo que quase sempre em tom de crítica, a disposição de construir uma realidade diferente, um ambiente melhor. Esse momento, em que se avizinha uma eleição municipal, quando tantos temas importantes e polêmicos estão em pauta, é ideal para dividirmos a tarefa de decidir. Propício para refletir sobre o papel que desempenhamos. Favorável ao debate. Mas é preciso, para realmente transformar a realidade, que estejamos dispostos a participar de forma comprometida. Sem rótulos. Sem preconceito. Sem intolerância. Que o foco seja a cidade e o que pensamos e faremos pelo futuro dela.

Artigo: "Trabalho conjunto" (28/02/2011)

Até pouco tempo atrás, o que era público ficava a cargo só – e tão somente – do estado. Havia uma divisória nítida entre o público e o privado. Cada um agia dentro do seu setor. Não existia muito diálogo ou reflexões sobre o quanto um é importante para a existência do outro. Cada um crescia, ou regredia sem perceber (ou admitir) o quanto o sucesso e fracasso do outro influenciavam. Até pouco tempo atrás, na política, havia situação e oposição. Assim era do início ao fim. Todo mundo sabia de que lado estava, com quem se afinava. Sabia quem e o que deveria apoiar. Aquilo ou aqueles que deveria repudiar. Era preto ou branco. Nada de nuances cinzas, governabilidade ou acordos pré-eleitorais. Até pouco tempo atrás poder público, empresários e cidadãos eram três entes separados. Viviam longe um do outro. Não se falava em participação, em coletividade. Não havia espaço para opiniões. Era tudo à revelia, separado, unilateral. Bem, mas isso foi até bem pouco tempo atrás. Hoje, não há desenvolvimento sem parcerias público-privadas. Não há crescimento sem gestões públicas participativas e inclusivas. Não há resultados se não houver divisão de responsabilidades, espaço para o diálogo. Se não houver união em torno de objetivos comuns, nada acontece. Nada prospera. Percebemos que uma cidade melhora quando gestores públicos e comunidade estão afinados. Quando um busca no outro a solução e encontra. Quando cada um se dispõe a fazer a sua parte e coopera. Quando há respeito mútuo. Quando se divide responsabilidades e conquistas. Quando existe ambiente para opinar, sugerir, modificar. Ninguém levanta pela manhã com o intuito de destruir a cidade, bairro ou rua onde mora. Não há quem acorde pensando num plano para que tudo dê errado. Ou tome atitudes querendo o pior. Claro que não. Todo mundo quer o melhor, viver bem e ser feliz. Porém, nem sempre as ações são as mais apropriadas. Por vezes, o que traçamos não dá o resultado esperado. Aí, precisamos revisar nossos planos, ouvir, por vezes desfazer e recomeçar. Reconhecer que erramos. Aceitar contribuições alheias, auxílio externo. Na política, apesar do emaranhado de coligações e apoios, ainda há muita resistência em dividir sucessos, em admitir que o coletivo propiciou melhorias, em aceitar que o esforço conjunto sempre dá mais resultado. Ainda mais quando as ideologias são diferentes, quando o modo de agir diverge daquele que usamos ou esperamos. As verdadeiras e boas mudanças vêm através de parcerias. São raros os casos em que se muda a realidade de um município isoladamente. É preciso cumplicidade para que as coisas aconteçam e dêem certo. Ser cúmplice, neste caso, não significa concordar com tudo. Tão pouco fazer-se de cego, surdo e mudo. Quer dizer apoio, disposição, participação. E quando se consegue isso com diferentes partidos, com diferentes segmentos, deve-se comemorar. Jamais esconder ou omitir.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Artigo: "Interesse coletivo" (21/02/2011)

A união de várias lideranças gaúchas em torno do projeto do metrô para Porto Alegre, mostra que é possível conjugar esforços e transpor barreiras políticas. Apesar das diferenças partidárias, das formas de atuação, das inúmeras demandas individuais que certamente cada um dos representantes possui.
Os líderes, atentos aos cortes nos recursos que o Governo Federal anunciou, perceberam que era necessário aglutinar forças. Até porque, sem a participação da União, a construção do metrô, que beneficiará cidadãos de várias cidades, jamais poderia ser concretizada. Foram rápidos e solidários. Souberam priorizar e aproveitar a pequena brecha que ainda resta para investimentos no PAC da Mobilidade e nas obras relacionadas à Copa 2014.
A proposta do metrô foi bem encaminhada. Não há certeza de que sairá do papel, nem garantia de que haverá sintonia entre os líderes até o final, mas arrisco dizer que fica um bom exemplo. Ao invés de ir à Brasília, separadamente, atrás de quaisquer recursos disponíveis, ou então munidos de propostas em várias áreas, foram em comitiva e levaram apenas um projeto. Querem o metrô. Penso que a análise e a resposta ao projeto levarão em conta – e muito –o alcance desta obra, mas também o peso da mobilização, agilidade e unidade no encaminhamento.
É verdade que aqui no Vale do Caí já tivemos manifestações políticas semelhantes. Como no caso da Transcitros e das tais câmeras de segurança, solicitadas coletivamente pelos prefeitos. A idéia, na teoria, pareceu eficiente. Na prática, nem tanto. O consenso e a afinidade entre os prefeitos, uma pena, durou pouco. Há muitos desentendimentos. Brigas pela autoria das propostas e nas formas de encaminhamento. Até na abrangência e nos traçados. A diversidade partidária acabou virando desavença pessoal.
Enquanto gastamos energia discutindo autoria e culpa, como se os motivos fossem mais importantes que os resultados, os projetos ficam de lado. As vaidades e interesses pessoais (e políticos) se transformam num grande empecilho, como se já não bastassem tantos entraves burocráticos e financeiros.
Já deu para perceber que não adianta ter várias frentes de reivindicação ou mesmo diversas emendas parlamentares encaminhadas. Assim como também não resolve cada um agir separadamente, quando o interesse é coletivo, por causa de siglas partidárias. Na maioria das vezes, temos de fazer escolhas. Mais vale concentrar forças num só projeto e concretiza-lo do que espalhar diversas propostas e não finalizar nenhuma.
Se não tomarmos cuidado não haverá sequer continuidade nas obras que já iniciaram. Os municípios do Vale do Caí ficarão para trás. Seremos ultrapassados por outras regiões que sabem se mobilizar, planejar, priorizar e, sobretudo, deixar de lado contrariedades pontuais quando isso representa verbas, obras e desenvolvimento.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Artigo: "Lixo Urbano" (14/02/2011)

O jornal de sábado trouxe como manchete o tema do meu artigo de hoje. Coincidência é claro, mas o fato é que as reportagens, feitas uma semana depois da minha visita ao aterro sanitário e do meu pronunciamento na tribuna da Câmara, apenas ratificam a impressão que tive daquele local.
Dia desses, voltando de Porto Alegre, resolvi fazer um trajeto diferente. Deixei o asfalto para trás e ingressei na estrada que passa em frente à Penitenciária Modulada e, mais adiante, no aterro sanitário, conhecido como “lixão”. Não sei bem porque, mas resolvi dar uma olhada. Vi movimentação, o que despertou minha curiosidade. Pelo que sabia, o aterro estava interditado. Não poderia mais receber os detritos que nós montenegrinos descartamos, às toneladas, todos os dias.
A cena com a qual me deparei foi deprimente. Fiquei estarrecido vendo a montanha de lixo ali depositada. Caminhões descarregando e uma dúzia de pessoas ali, de prontidão, aguardando o momento para iniciar o trabalho de catação. Sem a mínima proteção, vasculhavam os sacos e sacolas. Pés e mãos descalços, rodeados por dezenas de cachorros, muitas moscas e urubus.
Mais espantado fiquei, ainda, quando soube que ali também era depositado o lixo reciclável. Aquele cuja coleta ocorre em dias ou horários distintos. Aquele para o qual se gasta uma soma considerável de recursos em campanhas de conscientização. Apesar da mobilização para que as pessoas façam separação do que é reciclável em casa, quando chega ali é jogado aleatoriamente, a céu aberto. Mistura-se ao lixo comum.
Tudo é descarregado na mesma vala do aterro sanitário. Pelo que pude apurar, ali é a primeira parada do lixo. Depois os detritos são levados para o depósito em Minas do Leão. Não compreendi muito bem a logística. O que é coletado na cidade, reciclado ou não, primeiro é depositado no “lixão”. Depois, é recolhido novamente, em containers, e levado para o destino final.
Os catadores, até em número menor do que eu imaginava – parece que há ali há um grupo dominante, o que gera muitos conflitos e problemas de convivência -, não pareceram muito amistosos. Alheios à visita, rasgavam os sacos e separavam o que poderia lhes render algum dinheiro. Do outro lado, o galpão de reciclagem estava vazio. A construção ainda não está concluída.
Depois do que vi e ouvi lá no aterro, fiz um requerimento solicitando uma reunião para tratar deste assunto na Câmara. Não apenas para conhecer a realidade, mas também para saber o que se pretende em relação ao lixo em Montenegro.
Todos nós sabemos que o lixo urbano é um problema crescente e inevitável. Então, se não há como escapar, é preciso ter ações eficientes, que possam minimizar as conseqüências ambientais e sociais. Sim, porque o manejo correto das “sobras urbanas” pode significar a sobrevivência da vida na cidade e, porque não dizer, o pão na mesa de centenas de famílias.

Artigo: "Plano Diretor" (07/02/2011)

Passado o mês de recesso, a Câmara retomou suas atividades na semana passada. Dentre as tantas discussões que certamente acontecerão ao longo do ano, escolho uma como primordial. Estão nas mãos dos vereadores os projetos que compõem o novo Plano Diretor. Depois de muitas idas e vindas, a proposta finalmente está à disposição para análise pelo Legislativo.
Sem dúvida, este será o tema mais importante de 2011. Tanto pela complexidade, como pela abrangência. O Plano Diretor atinge todos os montenegrinos, sem exceção. Nele estão contidas as principais, senão quase todas, regras da vida na cidade.
A análise terá de ser criteriosa e ampla. Uma, porque o atual Plano data de 1978, ou seja, tem mais de 30 anos. Sofreu, lógico, várias alterações ao longo dos anos. Mesmo assim, está muito defasado em relação à realidade atual. Quanto nossa cidade – porque não dizer o mundo – e a nossa visão de urbanidade modificaram nestas três décadas? Pois o Plano Diretor ainda é o mesmo na sua essência. Não acompanhou as mudanças e o crescimento da cidade.
Justo nesta questão reside, a meu ver, o segundo ponto pelo qual teremos de ser extremamente cuidadosos no estudo das novas regras. Elas terão de apontar como vamos expandir – em termos de ocupação do solo, em população, em desenvolvimento e qualidade de vida – de forma organizada e sustentável.
Também penso que o sucesso do novo Plano Diretor passa pela participação da comunidade. As pessoas precisam compreender o que é este instrumento, qual o seu objetivo e as consequências que vai trazer ao dia-a-dia de cada um. Neste sentido, é consenso entre os vereadores a realização de reuniões e audiências públicas, com o objetivo de apresentar as regras, esclarecer, ouvir opiniões e sugestões.
Os projetos que agora estão na Câmara começaram a ser elaboradas há muito tempo. Lá pelos idos de 2004. A formatação final, esta que chegou ao Legislativo em dezembro, passou por inúmeras etapas e precisou da dedicação de muitos profissionais. As leis foram escritas "a muitas mãos", como se costuma dizer. Porém, apesar do abnegado trabalho de quem montou o novo Plano, é provável que ele sofra modificações. Que ele seja ajustado, melhorado. Pelo menos é isso que se espera do debate público. É isso que se busca na participação da sociedade.
Está em nossas mãos o novo Plano Diretor de Montenegro. Enfim, o destino da cidade. Quando digo nossas, não faço alusão unicamente aos vereadores. Refiro-me a todos os montenegrinos. Mais do que uma adequação do presente, teremos a responsabilidade e o privilégio de planejar e organizar o futuro.