Fui procurado, dias destes, por uma senhora montenegrina preocupada com a situação de um terreno ao lado de sua casa. Segundo ela, a área é utilizada como depósito de todo tipo de material. Conforme suas próprias palavras, “e ali que o pessoal coloca tudo que não quer mais ou está atrapalhando na casa deles”. Ressaltou a sujeira, o mau cheiro, a proliferação de insetos e animais e a má impressão que o amontoado de entulhos deixa.
Questionei se havia serviço de coleta de lixo regular no seu bairro e ela afirmou que sim. Que o material deixado no terreno vizinho não era lixo doméstico, deste que se coloca em sacos e o caminhão recolhe. É material que não é recolhido, como galhos, restos de construção, móveis velhos, vasos grandes quebrados, pneus, mangueiras.
Ficamos um bom tempo conversando e percebi que a reclamação dela era mais um desabafo de quem gostaria que todas as pessoas mantivessem suas casas em ordem sem sujar o espaço alheio. Porque, segundo ela, desanima varrer a sua calçada e cuidar do seu jardim quando ao lado foi criado um depósito desordenado e crescente de entulhos.
O caso desta senhora não é isolado. Infelizmente, existem vários outros pontos em Montenegro que servem de depósito clandestino de lixo. Pior ainda, situados à beira de arroios e córregos. Os detritos acabam invadindo o curso d’água e a consequência, já vimos inúmeras vezes, são inundações, sujeira e destruição.
Foi pela existência destes depósitos que sugeri, em julho de 2009, a criação do Programa Rua Limpa. Um serviço público regular e continuado de visitas nos bairros para recolhimento de entulhos. Sabemos que a grande maioria da população não tem condições financeiras para chamar um tele-entulho e por este motivo acaba descartando suas sobras em locais inadequados ou deixa tudo amontoado num canto em seus próprios pátios.
O Rua Limpa é uma iniciativa simples. Um serviço periódico, através do qual a prefeitura passa nos bairros, de acordo com um cronograma previamente elaborado e divulgado nas comunidades, para recolher o que está sobrando. Os moradores então, nas datas estabelecidas, colocam tudo em frente às suas casas para ser carregado.
Lógico que este é um trabalho também de conscientização, que dependerá do engajamento da população. Os moradores deverão se organizar para que na data em que a equipe do Rua Limpa passar, tenham seu material pronto para ser recolhido. Mas acredito que funcionará semelhante à coleta de lixo domiciliar. Hoje, as pessoas colocam os sacos de lixo na rua no dia em que o caminhão passa para recolher. Sabem o dia e o horário do “lixo”.
Com o Rua Limpa poderá ser assim. Basta que o poder público tome a decisão de fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário