terça-feira, 27 de setembro de 2011

Artigo: "Redescobrir o parque" (26/09/2011)

Dias atrás, quando conversei com alguns skatistas , relembrei de um artigo que escrevi em 2009. Naquela época eu sugeri a elaboração de um Plano Diretor específico para o Parque Centenário, objetivando ordenar e qualificar os serviços de esporte e lazer disponíveis e, conseqüentemente, estimular o uso por parte da população.
Já dizia há dois anos que enquanto outros municípios almejam e se esforçam para construir espaços de esporte e lazer para a população, Montenegro não tira proveito de todo o potencial – em termos de espaço e natureza – que tem à disposição. O Parque Centenário é um espaço de beleza natural em pleno centro urbano. Mas um lugar que precisa ser revitalizado e redescoberto pelos montenegrinos. Mas o que fazer na área do Parque, além da manutenção? Construir uma pista de motocross? Ampliar a área dos skatistas? Aumentar os brinquedos infantis? Fazer novas quadras para vôlei ou basquete? Quem sabe arenas para rodeios e gineteadas? Ou então novos pavilhões para exposições culturais e artesanais?
A revitalização da pista de skate é um exemplo de melhoria a ser feita no Parque. Os adeptos desta modalidade esportiva estão reivindicando reparos, pois o piso está bastante deteriorado – rachado e desgastado - pelo uso e ação do tempo – e pode causar acidentes. Os skatistas pedem uma manutenção regular do espaço e sonham, há anos, com a ampliação da pista e colocação de novos obstáculos. Não podem e nem querem ficar nas ruas, dividindo o asfalto com o intenso tráfego de veículos.
Da mesma forma que os skatistas, há outros grupos desportistas que gostam de utilizar o parque. Como os praticantes de bicicross, os adeptos do vôlei ou futebol de areia. Sem alternativa, acabam fazendo isso, a seu modo. Escolhem um pedacinho e adaptam para as suas atividades, na maioria das vezes de forma precária.
A sugestão de um Plano Diretor é justamente para que haja uma definição quanto ao uso do Centenário. Através dele poderemos fazer um inventário do que hoje existe e traçar diretrizes de planejamento, conservação, administração, melhorias, ampliação e, principalmente, do uso dos espaços.
Incentivar a prática de esportes e oferecer opções de lazer é imprescindível para uma cidade que busca qualidade de vida para seus habitantes. Com o crescimento urbano, está cada vez mais difícil encontrar e dispor de lugares como o Centenário. Por isso mesmo é preciso dar-lhe um tratamento especial.
Se organizado e bem cuidado atrairá mais freqüentadores. Quem sabe até servirá de incentivo para uma caminhada, ou será ponto de encontro para os jovens cheios de energia que se equilibram sobre rodas (de skate ou bicicleta) e executam manobras “radicais”. Ou então, e não menos importante, servirá de local para um passeio em família ou para um chimarrão no fim de tarde.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Artigo "Façanhas de modelo" (19/09/2011)

Reviver a história, relembrar o passado, a cada ano, principalmente durante a Semana Farroupilha, é o que assegura a manutenção da nossa identidade gaúcha. Poucos estados brasileiros celebram com tanta empolgação e respeito suas datas cívicas. A Semana Farroupilha é uma unanimidade regional. Reúne cidadãos de todas as origens e classes sociais. Congrega patrão e peão, brancos, índios, negros, mestiços, descendentes de alemães, italianos, polacos, portugueses... Gremistas e colorados.
Acho que em nenhum outro lugar se canta o hino do estado com tamanha reverência. É sempre uma emoção entoar o refrão que nos remete aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Um orgulho pertencer à nobre estirpe de um povo trabalhador, próspero, valente e hospitaleiro. Forjado pelos ventos, ora minuano e gelado, ora do norte e abafado. Calcado em valores morais. Alicerçado na família, na terra, na força do trabalho.
Nesta semana quero, de maneira simples, mas direta, fazer um chamamento a todos. Que não esqueçamos os ideais e a força que nos move e nos une. Os farroupilhas de ontem e os farroupilhas de hoje são aqueles que lutam, todos os dias, para termos uma sociedade melhor. Cada um do seu jeito. Cada qual na sua lida.
Pensemos, pois, no que somos e fazemos hoje. No que podemos melhorar. Numa forma de participar. Nossos antepassados lutaram tanto por princípios democráticos e de liberdade. A nós cabe aprimorá-las. Sempre. Todos os dias. A fim de que a cidadania seja plena e todos sejam partícipes na construção de uma cidade, um estado e um país mais justo e feliz.
Como diz nosso hino “Sirvam nossas façanhas de modelo. De modelo a toda a terra”. Hoje nós reverenciamos aqueles farroupilhas que lutaram contra o autoritarismo. Sentimos orgulho pelo que fizeram.
O que será que pensarão, ou dirão de nós daqui a 10, 50, 100 ou 176 anos? Depende do que somos e fazemos hoje para sermos lembrados pelas próximas gerações. Que as nossas façanhas sirvam de exemplo para nossos filhos, nossos netos e todos aqueles que virão depois. Que eles possam também sentir orgulho de nós. Possam, reunidos numa roda de chimarrão, em volta de um braseiro, ou numa solenidade cívica alusiva ao 20 de setembro, contar sobre uma época em que homens e mulheres fizeram a diferença. Construíram, através da participação, do comprometimento, uma cidade melhor.
Somos gaúchos. Trazemos conosco certa inquietação. Uma ânsia que nos leva à frente. Que nos move e encoraja. Pois deixemos aflorar esta ânsia para superar as adversidades. Usemos nossa inquietude para fazer diferente. Mostremos coragem e disposição. Montenegro merece. A geração futura agradece.

Artigo: "Lei dos panfletos" (12/09/2011)

Praticamente todos os dias, encontramos propagandas em forma de panfletos nos pára-brisas de veículos estacionados nas ruas do centro, em grades e muros residenciais ou jogados nos pátios das casas. Até em terrenos baldios é deixado este tipo de publicidade.
Grande parte deste material, que recebemos alheios a nossa vontade, sequer é lida ou analisada. Muito menos é recolhido e descartado de forma correta. Fica espalhado pela cidade, sujando ruas e calçadas, entupindo bocas-de-lobo e bueiros. Tão acostumados estamos com estas propagandas, que nem nos damos conta da quantidade de papel que recebemos. Estatísticas neste sentido indicam que se guardássemos tudo – dos carros e das casas – cada um de nós juntaria em torno de um quilo de papel por ano.
Existem cidades que já adotaram medidas para coibir a distribuição de panfletos em vias públicas. Muitas das iniciativas, nestas localidades, integram campanhas maiores, que objetivam manter a cidade limpa e despertar a consciência ecológica dos seus moradores. Já criaram legislação municipal, permitindo a distribuição de panfletos somente nas caixas de correio. Algumas, inclusive, vão além, adotando um adesivo a ser colocado nas caixas de correspondência, que identifica quem não quer receber material publicitário.
Estou propondo, em Montenegro, que seja criada uma lei proibindo a colocação de panfletos nos pára-brisas dos carros estacionados em via pública. Um primeiro passo, no sentido de disciplinar a distribuição de propagandas e zelar pela limpeza das ruas e calçadas. Um ponto de partida para evitar tantos papéis a prejudicar o escoamento de água nas bocas de lobo e nas galerias pluviais.
Uma legislação desta natureza não pode ser iniciativa de vereador, sob pena de ser considerada inconstitucional por “vício de origem”. Por isso, a minha intenção é encaminhar uma sugestão oficial, através de uma Indicação. Antes disso, no entanto, realizaremos uma reunião com a Administração Municipal com o intuito de saber qual a posição com relação ao assunto. Já ouvimos o Conselho Municipal de Meio Ambiente e a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro/Pareci Novo, de quem tivemos total apoio.
Resta saber o que pensa a prefeitura. Até porque dependerá dela a criação e fiscalização da lei. Acredito que o Executivo também será favorável, levando em conta os prejuízos computados a cada chuvarada e a grande soma de recursos usada para pagar o serviço de limpeza das ruas.
Sei que proibir a colocação de panfletos nos carros estacionados não vai resolver o problema da sujeira, tampouco evitará que haja bocas de lobo entupidas. Porém, se quisermos colaborar com a limpeza da cidade e contribuir com o meio ambiente, temos de começar por um ponto. Minha proposta inicial é esta, fácil de implantar e fiscalizar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Artigo: "Corrigir o rumo" (05/09/2011)

Desde as minhas primeiras manifestações neste espaço semanal falo da necessidade de haver sintonia entre o poder público e a comunidade. Que muitas vezes é preciso parar, reavaliar e corrigir o rumo. Que não existe fórmula mágica e que os melhores resultados são obtidos quando as ações são construídas em conjunto. Não há nada de incoerente ou constrangedor em repensar decisões. Muitas vezes retroceder pode significar avanço. Uma solução mais eficiente pode ser encontrada quando compartilhamos a responsabilidade de decidir.
Foi isto que aconteceu com relação à fixação do número de vereadores para a próxima legislatura. Ao retirar o projeto que fixa em 13 o número de vagas e propondo uma nova forma de discussão nós vereadores demonstramos que estamos atentos à comunidade que representamos.
O processo de discussão, e isso é preciso ressaltar, foi transparente desde o início. Primeiro, formou-se uma comissão com os partidos políticos, com vistas até de fortalecer e valorizar as siglas. Este grupo reuniu-se diversas vezes e pediu a opinião de outras entidades representativas (conselhos, associações comunitárias). Foi daí que nasceu a proposta de 13 vagas. O Legislativo acatou o que a maioria das manifestações indicou.
O que se viu a seguir, no entanto, foi que uma grande parte dos montenegrinos não se sentiu representada por quem emitiu opinião. Isto remete, também, a outra questão importante: o papel e a representação das entidades. É rotina a Câmara ouvir conselhos e outros entes da sociedade civil durante a tramitação dos projetos. Por isso, é importante que eles envolvam e reflitam a opinião e os anseios de quem representam. O que neste caso, parece que não aconteceu.
A discussão quanto ao número de vereadores está aberta. Hora de a população participar. Até agora, a maioria das manifestações é contra a ampliação, tendo como principal alegação o aumento de despesas. Justifica a manutenção das 10 cadeiras com a crise do hospital, os buracos nas ruas, a falta de remédios e outras carências. Neste sentido, vale esclarecer que manter o número atual não significa, por exemplo, o fim dos buracos. Não dá certeza de que não faltarão fraldas ou remédios na Saúde. Isso dependerá da boa gestão dos recursos públicos, da sua aplicação correta e eficiente. Da mobilização e fiscalização da comunidade, também, quanto ao atendimento das prioridades.
A Câmara mostrou responsabilidade neste episódio, comprovando que é possível sim corrigir rumos. Reavaliar e encontrar novas alternativas de encaminhamento para os temas da cidade. Mas é preciso ficar atento, tanto vereadores quanto população, pois a verdadeira cidadania requer continuidade. Não se constrói apenas com ações ou manifestações pontuais.