segunda-feira, 25 de julho de 2011

Artigo: "Mesmo partido" (25/07/2011)

Dias atrás comentei sobre a faxina que fiz nos móveis onde guardo “minhas memórias”. Resolvi chamar assim o catatau de documentos, recortes e fotografias conservados – e agora organizados – em diversas gavetas. E na grata satisfação de reler alguns trechos daqueles velhos arquivos. Tão antigos e ao mesmo tempo muito atuais.
Com meu acervo virtual acontece algo semelhante. De vez em quando preciso “limpar as pastas”. Abrir espaço para novos arquivos. E, como no caso das gavetas, acabo reencontrando materiais já esquecidos, cuja releitura – tanto tempo depois - permite nova interpretação, tem novo significado.
Este período que dediquei à organização dos meus arquivos (nas gavetas e no computador) me fez perceber a quanto tempo eu bato na mesma tecla. Fez ver que o meu discurso é o mesmo, meu partido é o mesmo e minha convicção continua igual. Quantos de nós podemos nos orgulhar disso? Sim, porque tenho orgulho de manter a mesma postura, de ter o mesmo ideal ao longo dos anos.
Logicamente que isto não significa que eu seja imutável ou dono de uma verdade absoluta. Pelo contrário. Mudei com as mudanças. Adaptei-me ao novo. Aprendi com as vitórias e amadureci com as derrotas. Nunca fiz imposições nem busquei meu espaço desqualificando outros. Defendo idéias e propostas.
Desde sempre estou no mesmo partido. Nem sempre concordei com ele. Tampouco ele concordou comigo. Tivemos – ou eu ou o partido - de retroceder várias vezes, noutras aceitar o que a maioria decidiu. Mas é assim que funciona na democracia. É desta forma que se avança e se evolui.
O momento político que vivemos na cidade traz à tona uma questão que me inquieta, e não é de hoje. Fidelidade partidária significa ser fiel a quem? Ao que? De praxe, exige-se que os políticos sejam fiéis aos partidos. Mas e os partidos? Alguém observa ou mede o tamanho da fidelidade deles em relação aos filiados? Onde começa e termina o dever, e o direito, de um e de outro?
Penso que fidelidade tem a ver com memória. É infiel quem não cumpre o que prometeu, quem perde o rumo, quem esquece os compromissos de campanha, relega os programas de governo com os quais se comprometeu. Quem não faz a sua parte nem aceita a opinião ou parcerias de outros. Quem esquece os motivos pelos quais se elegeu.
Fidelidade não significa concordar com tudo, nem votar sempre a favor. Também é leal quem aponta erros e propõe mudanças. Quem mostra e quer um caminho diferente. Quem sustenta suas convicções e honra seu mandato.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Artigo: "Cursos Profissionalizantes" (18/07/2011)

Puxa vida! Com essa expressão manifesto minha indecisão sobre o tema deste artigo. A semana foi cheia de novidades. Houve importantes decisões - e manifestações - político-partidárias, a posse de Heitor Müller na Fiergs, a retomada das negociações com a Corsan, a suspensão da concorrência para o lixo. Assuntos que já tratei neste espaço, mas que mereceriam algumas considerações. E terão, certamente, na seqüencia.
Porém vou me ater, hoje, a um assunto que precisa da atenção de todos. Uma proposta encaminhada (e aprovada) na Câmara que depende da mobilização dos montenegrinos e das lideranças da região. Da superação das diferenças partidárias e da canalização de esforços num único objetivo.
O momento não parece propício? Bem, teremos de encarar o desafio de mostrar que apesar de toda a diversidade, de opinião ou postura, de sigla ou representação, estamos unidos para defender investimentos na educação, capacitação e qualificação.
Estou falando sobre o Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – lançado pelo Governo Federal e que oferecerá, até 2014, oito milhões de vagas, tanto na educação profissionalizante de alunos do ensino médio, como para a qualificação de trabalhadores. Para atingir esta meta haverá investimentos na construção de novas escolas técnicas, na ampliação das já existentes e nas parcerias público-privadas.
Propus, junto com os vereadores Laureno e Tuco, a realização de uma reunião para tratar deste assunto. Um encontro com representantes de vários segmentos montenegrinos e lideranças da região. Participei da audiência pública sobre o Pronatec realizada na Assembléia Legislativa e vi que inúmeros municípios já se organizaram e têm projetos nesta área. Estão prontos para pleitear escolas e cursos técnicos. Se não agilizarmos a mobilização por aqui, ficaremos para trás e perderemos a oportunidade de sermos incluídos no Programa. Temos de nos movimentar, e rápido.
Estamos agendando esta reunião pública, como primeiro passo, com o objetivo de juntar informações sobre a situação dos cursos técnicos na região. Ouvir formadores e usuários para verificar o que temos e quais as demandas, além é claro, de tentar sensibilizar representantes de órgãos (como a Coordenadoria Regional de Educação, a Superintendência da Educação Profissional do RS, a Assembléia Legislativa, entre outros) que terão papel decisivo na hora de definir os projetos que serão contemplados através do Pronatec.
É hora de mobilização e ação. Só com a participação de todos os setores e o comprometimento de todas as lideranças – públicas e privadas – é que conseguiremos criar um movimento forte e eficiente. O foco é a implantação de cursos técnicos. É viabilizar a capacitação e qualificação de jovens e adultos, facilitando-lhes o acesso ao conhecimento. Está em nossas mãos demonstrar unidade, maturidade e competência. Atitudes fundamentais, se quisermos garantir ações do Pronatec.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Artigo: "Exemplos de vida" (11/07/2011)

Por vezes me flagro imaginando quem serão, no futuro, as pessoas que servirão de referência para meus filhos. Sobremaneira os menores, que ainda não completaram uma década de vida. Será que eu serei para eles um exemplo como o meu pai foi para mim? Dia desses, numa reunião, falaram-me que estou muito parecido com meu pai, tanto na fisionomia, como no jeito de falar. Fiquei agradecido e lisonjeado. Muito orgulhoso até. Ser comparado a ele é um elogio. Uma honra.
Que bom seria se todos tivessem os passos de alguém para seguir. Não por obrigação, mas por reconhecimento e amor. Aquela liderança baseada no bom exemplo, nos valores que fazem a diferença, como ética, honestidade, comprometimento...
Aliás, mencionar estes valores, ou quem sabe, estas qualidades, tão esquecidos (para não dizer ausentes) na atualidade, me fez lembrar um montenegrino que serve de referência para todos nós. Nesta semana, por mérito, inclusive, estará assumindo a presidência da maior entidade empresarial gaúcha. Sim, estou falando de Heitor José Müller, o novo presidente da Fiergs – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul -. Sim, estou falando de mérito, porque não se chega a um cargo destes por acaso. Também não se assume uma posição destas sem compromisso. É necessária uma respeitável bagagem profissional, uma liderança firme. Um comprometimento que inspire confiança.
Heitor Müller é uma daquelas pessoas que nos fazem acreditar no trabalho, na dignidade e na família. Daqueles que nos remetem ao bem e nos fazem perceber que o sucesso profissional só é alcançado quando está em harmonia com o crescimento pessoal. Que é preciso perseverança para alcançar os objetivos e disposição para construir uma sociedade melhor. Sabedoria para se adaptar às mudanças e evoluir com elas.
Apesar de neste momento, por estar na iminência de assumir o comando da Fiergs, sobressair a sua vitoriosa trajetória empresarial, onde, diga-se de passagem, sempre ousou, inovou e valorizou seus colaboradores, nós montenegrinos sabemos que Heitor Müller é mais que um empreendedor. É um exemplo de cidadão. Não perdeu a essência, nem esqueceu seus princípios. Mesmo conhecendo inúmeros outros países, dominando diversas outras línguas, manteve suas raízes bem fortes na terra natal e sempre, sem fazer alarde ou almejar notoriedade, contribuiu para o desenvolvimento de Montenegro.
Considero-me um homem afortunado, porque posso me espelhar no exemplo de dois grandes homens, Roberto Cardona e Heitor Müller, que mesmo expoentes em suas carreiras – um na política, outro no empresarial – nunca descuidaram da família, dos amigos e da comunidade. Um deles, infelizmente, permanece só na memória. Persiste porque deixou um legado e muitas lembranças boas.
Aproveitemos então, o privilégio de conviver com Heitor Müller. De aprender com ele que é possível conciliar grandeza com simplicidade, nobreza com modéstia, sucesso com família e fraternidade.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Artigo: "Antigo e atual" (04/07/2011)

Estranho que uma tarefa enfadonha, como organizar documentos e arquivos, tenha o poder de revigorar nossas energias e fortalecer nossas convicções. É estranho, mas aconteceu comigo. Se eu soubesse que seria tão gratificante rever meus “guardados”, não teria adiado tanto o momento de fazer uma limpeza nos armários e estantes.
Minha arrumação nas velhas pastas demorou bem mais do que eu previa, pois volta e meia encontrava um artigo ou pronunciamento interessante e, claro, tinha de lê-los na íntegra. Um texto levava a outro, depois outro e mais outro. Tão antigos e mesmo assim bem atuais. Com satisfação, percebi que o assunto planejamento, que trato com tanta insistência hoje, já pautava meu trabalho no primeiro mandato, de 1993 a 1996. Está nos “recortes” de jornais da época e no material que guardo daquela legislatura.
“...Recentemente, propus a discussão de um projeto a longo prazo para Montenegro, a princípio entre todos os partidos. Começo pelos partidos porque eles terão de ter um comprometimento com o plano que será traçado para o município. Mas teremos de ouvir a comunidade, pois a opinião e o engajamento dela serão imprescindíveis para o êxito do projeto. A proposta construída em conjunto deverá ser respeitada, independente de nomes ou siglas eleitas. Mantida pelas futuras administrações...”
“...Temos conhecimento que os problemas da cidade, em vários aspectos, no decorrer dos anos, não estão sendo resolvidos. Então pensamos que os partidos políticos deveriam se unir e discutir uma proposta de governo para os próximos anos. Não estamos nos referindo a nomes de pessoas. Estamos nos referindo à discussão de uma proposta de governo não só para os próximos quatro anos, mas uma proposta para o desenvolvimento de Montenegro nos próximos oito, doze ou dezesseis anos. Que esta proposta, discutida na cidade, entre os partidos e entre a comunidade possa ser executada pelos próximos administradores. Estamos propondo a discussão de um trabalho a longo prazo. O debate do futuro de Montenegro, para que consigamos tirar a cidade, como dizem muitos, deste marasmo. Enquanto município vizinhos crescem, nós permanecemos aqui discutindo questões menores. Proponho um amadurecimento político e a discussão conjunta de alternativas que solucionem os problemas e promovam o crescimento...”
Parecem citações de agora? Não são. São bem antigas. Para ser mais exato, do século passado. Trechos de um texto publicado na minha prestação de contas em 1994 e parte de um pronunciamento feito na tribuna naquele mesmo ano. E só para constar, a título de informação para os mais jovens e, principalmente para os mais céticos, naquela época o prefeito da cidade era do meu partido.
Mantenho meu discurso e minha convicção. Quase 20 anos depois, ter um projeto de futuro continua sendo fundamental. Ouvir a comunidade ainda é imprescindível.